Espaço de luta e de literatura
Milhares de pessoas, portuguesas e estrangeiras, já visitaram a Fundação Saramago, inaugurada no dia 14 de Junho na presença de várias personalidades da área da cultura e da política, entre eles o Secretário-geral do PCP.
Até ao final do mês as entradas são gratuitas
Na cerimónia de inauguração, Jerónimo de Sousa desejou que a Fundação não seja «apenas uma referência cultural de elite, mas que colha a dimensão da obra de Saramago, os protagonistas, os actores e os seres humanos que ele [José Saramago] escreveu e pelos quais sofreu e lutou».
«Saramago tinha uma característica: não era fácil de ler, mas quem lia e persistia percebia perfeitamente, desde o trabalhador mais modesto à figura mais elevada da nossa intelectualidade», valorizou Jerónimo de Sousa.
Por seu lado, António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, considerou que a Fundação foi «uma excelente oportunidade de recuperar e devolver a Casa dos Bicos ao público», e frisou que trouxe para a cidade «um espólio importante que estava em Lanzarote [Espanha] e que vai ficar acessível na cidade de José Saramago, uma forma de homenagear esse nome maior da literatura, preservar o seu nome e divulgar a sua obra».
Na cerimónia, a viúva do escritor e presidente da Fundação, Pilar Del Río, afirmou que os que ficaram com «a responsabilidade de gerir a Casa dos Bicos e o legado de José Saramago vão procurar ser dignos de tamanho compromisso». «Neste espaço maravilhoso, tão cheio de história, de arte e literatura, há uma palavra que está banida: o cansaço», assegurou. «A Fundação José Saramago foi criada para cuidar do mundo, do meio ambiente e da literatura portuguesa», vincou.
Exposição permanente
Na Casa dos Bicos, os visitantes poderão encontrar a exposição permanente «A Semente e os Frutos», que reúne livros que Saramago traduziu, manuscritos, notas pessoais, agendas, recortes de jornais e os livros do autor, com uma selecção de exemplares em português e edições noutras línguas.
Poesia, crónicas, romances, fotografias que recordam as amizades de Saramago, a actividade cívica e política, a família – os avós de Azinhaga, a quem aludiu no discurso na Suécia, na altura da entrega do Nobel, em 1998 – cobrem as paredes do espaço expositivo.
Também está disponível equipamento de áudio com entrevistas, discursos e vídeos documentais.
No fim da exposição há um local reproduzindo o primeiro escritório onde Saramago escreveu, contendo a secretária e outros objectos pessoais, como os óculos e a máquina de escrever.
No segundo andar do edifício, está a funcionar a loja da Fundação, onde serão vendidos os livros do Nobel da Literatura em diferentes idiomas.
Na segunda-feira, passaram dois anos desde a morte de José Saramago, em Lanzarote, Espanha. Em Junho do ano passado, as cinzas do escritor foram depositadas junto a uma oliveira centenária, propositadamente plantada para o efeito junto à Casa dos Bicos.