O fim do sarkozismo
Os franceses confirmaram a sua aposta em François Hollande, dando a maioria absoluta ao Partido Socialista na segunda volta das eleições legislativas, realizada no domingo, 17.
Franceses alimentam expectativas de mudança
O partido do presidente francês venceu claramente o escrutínio, elegendo 314 deputados num total de 577. O PS e aliados conseguiram assim inverter a seu favor os resultados das eleições de 2007, quando a direita sarkozista obteve uma maioria de 353 assentos contra 204 dos socialistas.
Reduzida a 229 deputados, a direita conservadora fica isolada num parlamento que inclui ainda os ecologistas, aliados do PS, com 17 deputados, os centristas do MoDem, com dois deputados, e a Frente Nacional, igualmente com dois eleitos.
A Frente de Esquerda, em que se integra o Partido Comunista Francês (PCF), conquistou dez assentos, ficando abaixo do resultado obtido pelo PCF em 2007, quando elegeu 19 deputados.
Para Pierre Laurent, secretário-geral do PCF, a Frente de Esquerda não teve obviamente um bom resultado. Segundo declarou, «o modo de escrutínio e a inversão do calendário eleitoral desnaturam a importância das eleições legislativas e deformam a paisagem da Assembleia Nacional em benefício do bipartidarismo».
O líder do PCF lembrou que o PS «com 65 por cento dos votos da esquerda nas presidenciais, surripiou mais de 90 por cento dos deputados da esquerda. Pelo contrário, a Frente de Esquerda que representou 25 por cento dos votos da esquerda nas presidenciais consegue menos de cinco por cento dos deputados da esquerda».
A solidariedade do PCP
Numa declaração de Pedro Guerreiro, membro do Comité Central, o PCP considera que os resultados de domingo em França traduzem «um sentimento de rejeição da política praticada por Sarkozy e o seu partido e expectativas de mudança, que declarações e posições já assumidas por Hollande, presidente recém-eleito, estão já a contradizer».
Manifestando «a sua solidariedade aos trabalhadores, ao povo e aos comunistas franceses na sua luta», o PCP salienta ainda que «os resultados do Partido Comunista Francês, obtidos no quadro da Frente de Esquerda – que não traduzem em número de mandatos o reforço eleitoral obtido na primeira volta –, não podem deixar de ser lidos à luz de um sistema eleitoral profundamente antidemocrático e da artificial bipolarização que dele decorre».