Uma razão simples

José Casanova

Em múltiplas e diversificadas iniciativas levadas a cabo por todo o País, milhares de portugueses e portuguesas comemoram Abril, isto é: o Dia da Liberdade e a Revolução que se lhe seguiu e transformou profunda e positivamente Portugal.

Porque Abril foi tudo isso: foi a conquista da liberdade e da democracia e a conquista dos direitos sem os quais a liberdade e a democracia não existem de facto. Precisamente os direitos que a troika composta pelos principais inimigos internos de Abril – PS, PSD e CDS – vem roubando a Portugal e aos portugueses há 36 anos, assim lhes roubando, portanto, liberdade e democracia. Um roubo que, de há um ano para cá, se tem processado sob o comando da troika ocupante, correspondendo a uma nova fase do longo processo contra-revolucionário que tem como alvos Abril e as suas conquistas.

Comemorando Abril, celebramos a acção determinante da aliança dos militares revolucionários e do movimento operário e popular, força motriz dos avanços revolucionários e das conquistas económicas, políticas, sociais, culturais, civilizacionais alcançadas – e, de entre os militares, lembramos a figura maior de todo esse processo: aquele que foi, até hoje, o único primeiro-ministro totalmente identificado com os interesses dos trabalhadores, do povo e do País: o companheiro Vasco. E de Abril guardamos na memória o pedacinho do futuro de Portugal que nos mostrou. A confirmar que a luta vale a pena e que com ela tudo é possível.

Palrando sobre as comemorações de Abril, é uso os papagaios da política de direita recorrerem ao blá-blá-blá habitual: que se trata de um «ritual» protagonizado por «saudosistas»... É claro que se os «saudosistas» não cumprissem o «ritual», os papagaios apressar-se-iam a gritar, triunfantes, o que desejariam gritar: que «Abril está morto»…

Mas não está. Pelo contrário, está vivo e bem vivo. Por uma razão simples: porque os seus valores, os seus ideais, permanecem na nossa memória colectiva e serão fonte de força para a construção de um Portugal liberto da exploração e da opressão capitalista – que é, afinal, a causa de todos os problemas existentes.



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