Comício do PCP no Porto encheu Rivoli

Combatividade transbordante

O Partido Comunista Português assinalou no Porto o seu 91.a aniversário com um comício no passado domingo que encheu por completo o Teatro Rivoli.

Os 91 anos do PCP foram assinalados com os olhos postos na greve geral

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Durante a tarde, mais de mil pessoas marcaram presença naquela que é uma das mais emblemáticas salas da cidade do Porto, tendo o comício iniciado com um actuação musical, a cargo da Orquestra Ligeira de São Pedro da Cova e de elementos do Grupo Canto Décimo e do Coro Vox Populi – cujo desempenho e reportório envolveram e entusiasmaram todos os presentes, sentimentos bem patentes, nomeadamente, mas não só, na enorme emoção e aplauso com que forma recebidas as composições do maestro Lopes-Graça, ou na calorosa reacção à primorosa interpretação do Hino de Caxias.

Seguiram-se as intervenções políticas de Beatriz Pinto, membro da Comissão Regional do Porto da JCP, Jorge Sarabando, membro da DORP, e Jerónimo de Sousa. Na primeira intervenção da tarde, Beatriz Pinto referiu-se a algumas das muitas lutas que os jovens têm levado a cabo no distrito, com destaque para as que visam alcançar melhores condições de ensino nas escolas. A jovem comunista prosseguiu garantindo que é certa a confiança na continuação dessas lutas e da participação da juventude, já no dia 20 de Março, na manifestação nacional do Ensino Superior, bem como na próxima greve geral e na manifestação nacional de jovens trabalhadores de dia 31.

Jorge Sarabando, por sua vez, realçou a forma como as políticas constantes no pacto de agressão (um pacto «não só injusto como moralmente inaceitável») atentam contra o desenvolvimento regional. Recorrendo a indicadores económicos e sociais, o membro da DORP do PCP disse que a «taxa de desemprego [no distrito] é superior em quatro por cento à taxa média nacional», ultrapassando já os 200 mil desempregados, dos quais 130 mil «não têm acesso a subsídio de desemprego». Isto deixa os desempregados e as suas famílias «mais vulneráveis à miséria e à exclusão social», acrescentou. Jorge Sarabando referiu-se em seguida ao «aumento do número de insolvências» em sectores como o imobiliário, o comércio ou a indústria de mobiliário.

O dirigente regional do Partido lembrou ainda as lutas passadas e lançou as futuras, terminando a sua intervenção com um apelo aos militantes para que «participem nas assembleias que serão convocadas para debate da Resolução e eleição dos delegados» da X Assembleia da Organização Regional do Porto, que se realiza a 21 de Abril. Trata-se, concluiu, de um «momento alto da vida partidária» no distrito, onde todo o colectivo é chamado a participar na elaboração das «orientações para a intervenção futura do Partido e o seu necessário reforço».

 

Desenvolver a luta

 

Tomando a palavra, Jerónimo de Sousa começou por assinalar o facto de, este ano, o PCP celebrar o seu aniversário «a dias da realização de uma greve geral», dia de luta que dará expressão ao «forte sentimento de indignação e descontentamento com o actual rumo do País e com as medidas de ataque aos direitos dos trabalhadores». Nessas circunstâncias, assinala-se o aniversário do Partido «com os olhos postos nas tarefas do desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo».

Referindo-se à política de «austeridade» que visa, «em dois anos, fazer recuar as condições de vida do povo 20 anos», Jerónimo de Sousa descreveu o pacote de medidas que está a ser implementado e as suas consequências. E falou da «brutal ofensiva contra os direitos laborais» e das propostas de alteração ao Código do Trabalho; do ataque ao Serviço Nacional de Saúde, dando exemplos concretos da situação no distrito do Porto, tal como a falta de médicos de família, que, só no Porto «significa 200 mil inscritos sem médico», e ainda da redução do horário de funcionamento dos SASU de Gondomar, Penafiel e de Paredes.

Também o direito à mobilidade está a ser posto em causa, garantiu o dirigente comunista, lembrando a redução de carreiras da STCP e os aumentos incomportáveis no preço dos transportes, incluindo no Metro. Ao mesmo tempo, anuncia-se a intenção de fundir o Metro e a STCP para criar condições para a «privatização à custa das populações, mas também à custa dos trabalhadores».

Mas não são apenas os transportes públicos a estar na mira do Governo e do grande capital, alertou Jerónimo de Sousa. São também os «equipamentos estratégicos do País, como é caso do porto de Leixões», frisou, acusando os «eleitos e dirigentes distritais do PS, PSD e CDS» de tentarem desviar atenções do «real comprometimento dos seus partidos com o pacto de agressão» e propagandearem posições alarmistas sobre a perda de autonomia do porto de Leixões. Uns e outros argumentam com a «defesa do Norte» e com a «expansão da influência do porto de Leixões», mal conseguindo disfarçar que estão é preocupados com os seus próprios interesses e não com o interesse geral.



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