Greve geral

Tarefa principal de todo o Partido

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política)

O Governo apresentou na Assembleia da República um projecto de lei de alteração às leis laborais, que visa intensificar a exploração e que, se for aprovado e concretizado, agravará as condições de vida dos trabalhadores e suas famílias e aumentará os lucros do grande capital. Um projecto lei que sendo dirigido aos trabalhadores do sector privado, o Governo quer aplicar também aos trabalhadores da Administração Pública.

A adesão à greve geral afirma e defende a dignidade de classe

Image 9928

Aqui ficam algumas das malfeitorias do referido projecto de lei, para cada um de nós usar no trabalho de mobilização a realizar até ao dia 22, próxima quinta-feira: eliminação de quatro feriados e dos três dias de majoração de férias; cortes nas folgas e descanso compensatório – impõe trabalho forçado e gratuito que os patrões vão arrecadar; redução em 50 por cento no pagamento do trabalho extraordinário – retira um importante complemento do salário; desregulamentação dos horários de trabalho, permitindo a alteração de horários sem o consentimento dos trabalhadores – desarticula a vida dos trabalhadores e das suas famílias; equipara o preço de todas as horas de trabalho sejam elas de dia ou de noite, em dias de semana ou ao fim-de-semana; impõe o banco de horas, velha reivindicação do patronato para decidir sobre o tempo de trabalho de cada trabalhador, em cada dia em função dos seus interesses de classe o lucro.

Mas a proposta do Governo prevê também despedimentos mais rápidos e mais baratos, através do alargamento do conceito de justa causa e da diminuição do valor das indemnizações – o patrão passa a poder despedir quando e como quiser e gastando menos; aumenta a precariedade e reduz a protecção no desemprego, nomeadamente com a diminuição do subsídio de desemprego – fragiliza ainda mais os trabalhadores, especialmente quando mais precisam; ataca a contratação colectiva – enfraquece a luta dos trabalhadores porque individualiza a relação de cada um com o patrão.

Para responder a esta ofensiva do patronato, a CGTP-IN convocou uma greve geral que está a ser construída ao mesmo tempo que decorre o debate público e a votação do projecto de lei, identificando assim, de forma clara, as razões e importância desta jornada de luta, neste tempo concreto, dia 22 de Março: exactamente antes da lei ser votada na Assembleia da Republica.

 

Interesses opostos

 

O patronato e as duas troikas ao seu serviço já identificaram os perigos, para os seus interesses de classe, do êxito da greve geral. É natural, por isso, que usem todos os meios que têm – e que, como sabemos, são muitos – para desmobilizar, dividir e lançar a confusão no seio dos trabalhadores.

Até ao dia 22 a tarefa principal e mais prioritária dos militantes comunistas é fazer exactamente o contrário: esclarecer, mobilizar, unir e transmitir muita confiança aos seus colegas de trabalho e a cada trabalhador, contribuindo assim para o êxito da greve geral que está a ser construída por milhares de activistas sindicais em todo o País.

É indiscutível a dificuldade de muitos trabalhadores para fazerem greve geral. Além dos contratos a prazo e da chantagem do patronato, há o custo de um dia de salário que tanta falta faz em casa de todos aqueles que têm como única riqueza a sua força de trabalho.

Mas há que dizer a cada trabalhador que se esta ofensiva contra os seus interesses de classe não for travada o que vai perder é muito mais: em valor monetário; em direitos conquistados com muitas greves e outras lutas de gerações de assalariados, e que cada trabalhador hoje tem o dever de tudo fazer para defender e deixar aos seus filhos e netos.

Fazendo a greve geral do dia 22, cada trabalhador defende e afirma também a sua dignidade de classe. A luta de massas, pelo esclarecimento que proporciona, pela confiança que induz, pelas contradições que gera e pela ruptura que provoca é o instrumento mais poderoso, mais eficaz e por isso mesmo o mais importante na luta que travamos contra a exploração capitalista e pela transformação da sociedade. A seguir a 22 de Março, a luta vai continuar e em muito melhores condições com o êxito da greve geral que estamos a construir.



Mais artigos de: Opinião

O caminho da fome

Com tudo o que os números e a informação estatística ocultam, mas também com aquilo que revelam, os dados divulgados pelo INE na semana passada, referentes às contas nacionais do 4.º trimestre de 2011, devem ser conhecidos. Se dúvidas existissem confirma-se que...

Previsões macabras

Diz a notícia que «morreram 6110 pessoas nas duas primeiras semanas de Fevereiro, mais 1400 do que em igual período de 2011». E diz ainda que «o grupo etário acima dos 75 anos foi o mais afectado pelo acréscimo de mortalidade». Se a estes dados dramáticos...

Respeitar a História

Passos Coelho tentou fazer passar a ideia de que o seu Governo era constituído por pessoas tecnicamente de alto gabarito e, como tal, as suas decisões seriam sempre inquestionáveis. A trapaça tem vindo a desmoronar-se. A começar no ministro da Economia que de manhã diz uma...

As panelas

Quando se ultimava a entrada de Portugal na CEE, o PCP advertia que tal entrada do nosso País nesta agremiação dos poderosos da Europa era como a história da panela de barro a juntar-se às panelas de ferro – ao primeiro chocalhar, a de barro ficava em cacos. O PCP acrescentava...

Falência de classe

Durante meses disseram-nos que não se podia mencionar uma renegociação da dívida e que qualquer desvio ao cumprimento dos programas da troika levaria inexoravelmente à falência e à catástrofe. E eis que na semana passada a Grécia formalizou a sua incapacidade...