Mentira e «terrorismo» contra direitos

Governo acelera nos transportes

Em poucos dias, o Governo decidiu acabar com os passes sociais de jovens e idosos, eliminar concessões de viagens a familiares de trabalhadores e encerrar infantários do caminho-de-ferro.

Os sindicatos apoiam o protesto de hoje dos utentes

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«No entanto, não há nenhuma medida concreta para a redução das macro-estruturas das empresas, onde se albergam as clientelas dos diversos governos que têm gerido estas empresas, nem nenhuma medida para penalizar aqueles que foram os responsáveis pela situação actual das empresas públicas do sector», observou segunda-feira a Fectrans/CGTP-IN, comentando algumas das intenções anunciadas pelo secretário de Estado dos Transportes e lembrando que elas se seguem aos aumentos dos custos dos bilhetes.

A federação criticou ainda o facto de o Governo desenvolver «uma política de diabolização das empresas públicas» de transportes, ao mesmo tempo que «mantém todos os apoios às empresas privadas», com critérios que, se fossem aplicados relativamente às transportadoras públicas, levariam a que estas também apresentassem resultados positivos.  

Trata-se, afinal, de um ataque simultâneo do Governo a utentes e trabalhadores das empresas de transportes públicos, para «fazer incidir sobre estes os efeitos negativos das políticas que está a desenvolver», tendo «como objectivo final a entrega deste importante sector de prestação de serviços públicos e sociais aos privados e detentores dos grupos económicos e financeiros».

Concluindo que «utentes e trabalhadores estão a ser vítimas da mesma política que está ao serviço dos interesses estrangeiros», a Fectrans expressou o seu apoio à concentração que a Plataforma das Comissões de Utentes dos Transportes de Lisboa promove hoje, às 18 horas, junto ao Ministério da Economia.

Aos pais das crianças que frequentam os infantários da CP na Parede e no Barreiro, a administração comunicou, na sexta e na segunda-feira, que está a preparar o encerramento daqueles estabelecimentos.

A Comissão de Trabalhadores da CP classificou este acto como «terrorismo social», uma vez que tinha levantado o problema, «há cerca de um mês», numa reunião com a administração, obtendo a garantia de que não havia nenhuma intenção de fechar os infantários da empresa.

«Depois do roubo dos salários e das pensões, nem o bem das nossas crianças escapa à vontade do secretário de Estado e do ministro de acabar com os direitos dos ferroviários», protestou a CT, no comunicado que divulgou segunda-feira.

Anteontem, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário revelou que a administração da CP admitiu, por escrito, que prepara a liquidação dos infantários até ao fim deste ano.

Ironicamente, quem decide medidas como estas «continua com todas as mordomias e fora dos sacrifícios», notou o SNTSF/CGTP-IN, reagindo a uma notícia de segunda-feira do DN: um secretário de Estado requisitou para chefe de gabinete um funcionário de um organismo do Ministério das Finanças, cuja retribuição passou a ser acrescida de dois mil euros por mês.

 

Unidade para dia 24


Os vários sindicatos do sector de transportes e comunicações que desenvolveram as mais recentes movimentações dos trabalhadores, com destaque para as greves e plenários de 8 de Novembro, voltaram a reunir-se no dia seguinte.

Decidiram, como informou a Fectrans: «saudar todos os trabalhadores dos transportes, pela sua militante participação no dia de luta», «lançar um apelo a uma forte participação na greve geral» e «continuar a coordenação de esforços para o êxito da greve geral».

A Álvaro Santos Pereira enviaram uma carta, recordando-lhe que está por concretizar o compromisso do ministro de aprofundar a discussão com os sindicatos sobre a reestruturação do sector e que, ao contrário da ideia que quis transmitir no dia 8, foi o Ministério (e não as estruturas dos trabalhadores) quem não teve qualquer iniciativa para dar seguimento ao encontro de 11 de Outubro que foi curto, por indisponibilidade do ministro. Os sindicatos desafiam Santos Pereira para reunir «a qualquer momento».



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