O rei vai nu

Aurélio Santos

À crise, à recessão, à divida externa incomportável, à degradação dos salários, às privatizações (que nos deixam a todos mais pobres) ao défice excessivo, à retirada de direitos sociais, à inflação, ao aumento de impostos, ao desemprego, sucede-se a crise, a recessão, a dívida externa, a degradação dos salários, etc., etc. Este o triste e lamentável retrato de muitos países da União Europeia, entre os quais Portugal.

Esta a coesão social que hipocritamente nos prometeram em Maastricht e em Lisboa.

Este o nosso retrato ao fim de 30 anos de politicas neoliberalistas e de 26 anos de adesão à «promissora» União Europeia.

Este o triste lamentável e feio rosto do capitalismo. O triste e lamentável resultado da capitulação dos governos da Europa, súbditos obedientes do capital imperialista.

E, não tenhamos ilusões, esta a mantra que vamos ouvir repetidamente se não tivermos a coragem de pôr fim a este sistema.

Os governos sucedem-se, formados cada vez mais por eminências graduadas por reputadas universidades internacionais, mas a política é sempre a mesma – tornar os pobres mais pobres, e empurrar a classe média para a pobreza.

O actual ministro das Finanças (consta que adepto da escola de Friedman)  foi bem explícito  – só os rendimentos do trabalho vão sofrer uma taxa extraordinária. O capital fica intocado.

Nu saiu o Governo anterior ao abusar da credulidade dos portugueses, tentando transformar em verdade mentiras óbvias. Nu já está este Governo logo nas suas primeiras decisões, pedindo aos pobres que aceitem ser ainda mais explorados e mais pobres para que os ricos possam ser ainda mais ricos. E com despudor argumentou o sr. ministro das Finanças que 80% dos reformados e 65% dos agregados familiares não serão abrangidos por esta medida – esqueceu-se (?) que estava a dizer que 80% dos reformados e 65% dos agregados familiares do nosso País não ultrapassam de rendimento os precários 485 euros.

Até quando vamos continuar quedos e mudos?

Como diria  o poeta frances Paul Elouard, é preciso voltar a despertar veredas, a descerrar caminhos, a extravasar as praças e a gritar o teu nome – LIBERDADE.



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