KKE denuncia plano provocatório
No dia seguinte à poderosa greve geral de 48 horas, realizada a 28 e 29 de Junho, o Partido Comunista da Grécia denunciou a utilização por parte do governo do chamado movimento dos «cidadãos indignados» para provocar confrontos violentos nas acções de massas da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME).
Segundo se lê numa nota divulgada no seu site, o plano provocatório, do qual a direcção do partido teve conhecimento antes do início da jornada de luta, envolveu grupos encapuzados, claques organizadas de futebol, porteiros de bares nocturnos e outros elementos marginais, cujo objectivo era entrar em confronto com os manifestantes da PAME, alegadamente por razões ideológicas.
Desta forma, a polícia teria tido um pretexto para reprimir as manifestações massivas e, imputando à PAME os actos de violência, demonstrar que o povo em geral não apoia o movimento de classe e muito em particular o Partido Comunista.
No parlamento, os deputados comunistas questionaram o governo sobre imagens transmitidas em vários órgãos, mostrando indivíduos armados com barras de ferro a falar com agentes da polícia de intervenção. Depois, as mesmas imagens mostraram tais indivíduos, acompanhados de agentes de intervenção, a passar na praça frente ao parlamento.
No dia 30, a secretária geral do KKE, Aleka Papariga, insistiu, em conferência de imprensa, na existência do referido plano, cuja componente política visava levar o povo a desistir das suas exigências e protestos, sob ameaça de o país cair no abismo por não receber a ajuda financeira externa. Por outro lado, explicou ainda a dirigente comunista, a parte operacional deste plano consistia em criar as condições para esmagar o movimento popular de classe e atacar, em particular, a greve como forma de luta.
O movimento dos «cidadãos indignados» na Praça Sintagma, que arrastou pessoas comuns realmente descontentes, foi intencionalmente contraposto às mobilizações grevistas. «Durante este período, ouvimos até à exaustão que a Praça Sintagma representa uma forma de luta pacífica, enquanto outras formas de luta eram consideradas violentas».
«Dissemo-lo ontem no parlamento e reiteramos hoje que sabemos como afrontar os provocadores e os mecanismos da polícia. Não temos medo, mas não é do nosso interesse alimentar estes planos».
Papariga recordou ainda acontecimentos de 2008 e mais recentemente em Maio de 2010, quando três empregados bancários foram assassinados, nos quais ficou provado o envolvimento de grupos organizados de extrema-direita que visavam travar o movimento popular.