STRUP repudia bloqueio negocial
Na Companhia Carris de Ferro de Lisboa, além de prejudicados por incumprimentos vários do Acordo de Empresa, por parte da administração, os trabalhadores estão a viver um «aumento da vertente repressiva, por via disciplinar».
«Só cumprem o AE quando os tribunais obrigam»
A administração da Carris está a aplicar processos disciplinares a um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP/CGTP-IN) e a dois trabalhadores, «com o argumento de que aqueles funcionários não respeitavam o regulamento de fardamento em vigor na empresa, ao não usarem gravata», explicou ao Avante!, o dirigente do sindicato, Manuel Leal. Reconhecendo que o regulamento interno obriga ao uso daquela peça do fardamento, o dirigente sindical explicou que, no entanto, o representante sindical visado «têm prescrição médica que justifica o não uso da referida gravata», e que até estes casos terem sido desencadeados «nunca este problema foi motivo de processos disciplinares».
A afectar todos os trabalhadores da Carris estão incumprimentos vários respeitantes ao Acordo de Empresa (AE), concretamente relativos ao não pagamento dos complementos de baixa, com obriga o AE. Lembrando que «há já dez decisões dos tribunais a obrigar ao pagamento daqueles complementos, com os respectivos juros», o dirigente sindical considerou inqualificável que estas situações continuem a acontecer, por via de «uma administração que só se digna a pagar quando a isso é obrigada, por decisões judiciais».
Administração fez campanha
A mesma administração da Carris pagou, a 3 de Junho, no último dia útil antes das eleições legislativas, um prémio designado, «desempenho mais», que «não é resultado de qualquer obrigação contratual, mas sim da exclusiva vontade do Conselho de Administração», acusou a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, Fectrans/CGTP-IN, através de um comunicado.
Lembrando que aquele prémio foi atribuído enquanto são desrespeitadas obrigações constantes no Acordo de Empresa, a federação sindical acusou a administração de «envolvimento político na campanha eleitoral» quando, apenas uma semana antes, tinha recusado prosseguir com as negociações respeitantes à revisão do Acordo de Empresa, «argumentando as dificuldades do País».
O bloqueio à revisão do AE, imposto pela administração, a 25 de Maio, nas reuniões de conciliação dos processo da CarrisTur e da Carris, foi duramente condenado pela Fectrans num comunicado onde a federação responsabiliza, politicamente, o anterior governo PS, que justificou o incumprimento de regras estabelecidas «com as orientações sobre política salarial para o Sector Empresarial do Estado».
Repudiando o bloqueio e encerramento do processo negocial, a federação apelou à luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos.