Obama desmente-se
Depois de ter afirmado que «as fronteiras entre Israel e a Palestina devem ser baseadas nas existentes em 1967, com mudanças de mútuo acordo de maneira a que se estabeleçam fronteiras seguras e reconhecidas por ambos os estados», o presidente dos EUA deu o dito pelo não dito.
Numa conferência promovida pelo Comité de Assuntos Públicos Israelo-Norte-americanos, Barack Obama alegou ter sido «mal interpretado», sublinhando que o que pretendeu dizer foi que «as partes negociarão uma fronteira distinta da existente antes de 4 de Junho de 1967».
Obama assegurou ainda que as Nações Unidas jamais criarão um Estado palestiniano independente e reiterou o compromisso dos EUA para com o que chamou de «a segurança de Israel».
Na intervenção ante o grupo de pressão sionista, o presidente norte-americano desmentiu, assim, o que havia afirmado antes de se encontrar com o primeiro-ministro israelita, Benjamim Natanyahu, para quem Israel nunca mais regressará aos limites territoriais anteriores a 1967.
De uma só vez, o presidente norte-americano não só negou aos palestinianos o direito ao seu território com as fronteiras precedentes à guerra israelo-árabe, como o seu reconhecimento como Estado independente.
Mas Obama foi mesmo mais longe e, na referida iniciativa, considerou o acordo entre a Fatah, o Hamas e outras forças políticas independentistas palestinianas como um «enorme obstáculo à paz», salientando que a convivência mútua «não pode ser imposta a Israel».
Recorde-se que as conversações de paz israelo-palestinianas, reiniciadas em Washington a 2 de Setembro de 2010, foram interrompidas depois de Telavive ter rejeitado suspender a construção de colonatos nos territórios ocupados da Palestina.
Para o próximo dia 5 de Junho - dia em que se assinala a Guerra dos Seis Dias, que culminou com a anexação por parte de Israel da Península do Sinai, dos Montes Golã, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e de Jerusalém Leste, está convocada por várias organizações palestinianas uma marcha para o retorno à Palestina.