Piñera sob protestos crescentes
Apesar de responder às reivindicações populares com repressão, milhares de chilenos voltaram às ruas do país em protesto contra o governo liderado pelo magnata Sebastian Piñera. Enquanto decorria no parlamento a sessão solene de balanço do primeiro ano de mandato, cerca de 100 mil pessoas, de acordo com o relato da correspondente da Telesur, marchavam em diversas cidades a favor de reformas na educação pública e na legislação laboral favoráveis às camadas populares.
A unir os manifestantes esteve igualmente o repúdio aos projectos hídricos na Patagónia, promovidos pelo executivo de direita, não obstante 70 por cento dos chilenos, segundo pesquisa recente, se lhes opor.
Dois dias de violência
Depois da violência que se abateu sobre as acções de massas realizadas na primeira quinzena de Maio, o governo voltou a responder com brutalidade às mobilizações de sexta-feira e sábado.
Na capital, Santiago, pelo menos 30 mil pessoas manifestaram-se contra as cinco barragens que o governo pretende instalar naquele território. Os contestatários acrescentaram à recusa do plano energético a denúncia das promessas eleitorais não cumpridas por Piñera, mas quando procuraram chegar ao palácio presidencial foram rechaçados pelos carabineiros.
Nas ruas de Valparaíso, Temuco ou Concepcíon, pelo menos uns cem manifestantes foram presos pelas autoridades, que usaram granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar as multidões que exigiam melhores condições de trabalho e remunerações, o fim do modelo privatizador na educação e a suspensão da construção das barragens na terra do fogo.
Durante a cerimónia na Assembleia da República, outras 16 pessoas foram também detidas por protestarem dentro do hemiciclo, e em Iquique um dos presos foi o deputado do Partido Comunista do Chile (PCC) e presidente da Comissão dos Direitos Humanos do parlamento, Hugo Gutiérrez.
Os crescentes protestos antigovernamentais são para o PCC um sinal de que «as pessoas estão mais atentas ao que se passa no Chile», mais desconfiadas face «às esferas do poder» e mais exigentes para com a «falta de resposta do poder legislativo e executivo» às suas aspirações.
Exemplo disso mesmo são as mobilizações em torno dos projectos hídricos na Patagónia, disse em entrevista a um canal de televisão, citada pelo Rebelion, o presidente do partido, Guillermo Teillier.