Nova-iorquinos e californianos exigem nas ruas

«Os ricos que paguem a crise»

Milhares de pessoas manifestaram-se, quinta-feira e sexta-feira, em Nova Iorque e na Califórnia, contra os cortes orçamentais e exigiram que sejam os responsáveis e beneficiários da crise a pagar a factura.

«Na longa lista da “austeridade” não entra o capital financeiro»

Image 7585

A pesar de terem sido impedidos de se aproximarem de Wall Street, cerca de dez mil nova-iorquinos convocados pelo movimento sindical e por outras organizações políticas e sociais marcharam pelas ruas adjacentes ao edifício da Bolsa de Valores. A palavra de ordem que mais se ouviu foi «os ricos que paguem a crise», já que, defenderam os participantes, contrastando com os benefícios arrecadados pelo capital financeiro, os trabalhadores estão a ser alvo de um feroz ataque aos seus rendimentos e direitos.

Professores, funcionários públicos, imigrantes ou estudantes contestam os cortes orçamentais impostos pelo presidente da Câmara de Nova Iorque. No total, Michael Bloomberg pretende poupar 600 milhões de dólares despedindo ou empurrando para a reforma antecipada cinco a seis mil docentes e auxiliares, encerrando corporações de bombeiros e escolas, reduzindo drásticamente o financiamento de programas sociais de apoio ao ensino artístico e ao desporto, de combate à violência doméstica, de promoção da integração dos sem-abrigo, de incentivo ao emprego e à requalificação profissional, etc..

Na longa lista da «austeridade» de Bloomberg, acusaram os manifestantes, não entra o capital financeiro, cujos lucros e distribuição dos dividendos pelos executivos e accionistas têm vindo a crescer. O Mayor argumenta que taxar mais severamente a grande burguesia seria contraproducente para a recuperação económica, mas muitos trabalhadores nova-iorquinos já não aceitam esta justificação e exigem que a prosperidade da classe dominante seja tida em conta na hora de pagar a factura da crise capitalista.

No centro dos protestos esteve igualmente a defesa dos direitos laborais e sindicais. Em 18 Estados norte-americanos, o braço político do capital procura quebrar a espinha ao movimento sindical fazendo aprovar leis que limitam a organização e acção das estruturas representativas dos trabalhadores e arrasam a contratação colectiva.

 

Califórnia em luta

 

Já na Califórnia, nas cidades de Sacramento, Los Angeles e San Diego, os protestos saíram à rua dia 13, e foram liderados pelos professores e alunos, que nãos só rejeitam os cortes impostos no sector nos últimos três anos, na ordem dos 20 mil milhões de dólares, e o despedimento de cerca de 30 mil docentes, como não estão dispostos a sufragar novas medidas de «austeridade».

O governador Jerry Brown planeia prosseguir a política de asfixia financeira do ensino público agravando as consequências conhecidas – despedimento de funcionários, aumento das turmas, encerramento de estabelecimentos – frisaram os californianos, para quem é inaceitável a recusa de Republicanos e Democratas em aumentar a carga fiscal sobre o grande burguesia.

 

Obama quer mais dívida

 

Os protestos dos trabalhadores norte-americanos ocorrem quando o presidente dos EUA pressiona os deputados e senadores para a necessidade de aumentar o tecto máximo estabelecido para o endividamento público este ano, 14,2 mil milhões de dólares.

O governo adoptou, entretanto, medidas extraordinárias para garantir os compromissos básicos da administração, mas teme que se os legisladores não cederem no crescimento da dívida, o Estado possa entrar em incumprimento.



Mais artigos de: Internacional

Israel mata 18 palestinianos

O exército israelita reprimiu com violência os protestos populares que assinalaram o 63. aniversário do início da expulsão dos palestinianos dos seus territórios. 18 pessoas foram assassinadas e centenas ficaram feridas, algumas das quais em estado grave.

Britânicos forjaram justificação

Um antigo dirigente dos serviços secretos britânicos e ex-porta-voz de Tony Blair admite que o dossier sobre as armas de destruição massiva do Iraque foi forjado para justificar a invasão e ocupação daquele país. De acordo com informações divulgadas...

Governo responde com repressão

O executivo chileno reprimiu os protestos que quinta e sexta-feira mobilizaram dezenas de milhares de chilenos em todo o país. Cerca de 90 pessoas acabaram detidas e dezenas resultaram feridas na sequência da repressão. No dia 13, na capital do país, Santiago, mais de 30 mil protestaram contra...

NATO mata

As forças imperialistas continuam a castigar fortemente a população líbia. Os ataques contra edifícios residenciais e militares intensificaram-se na capital, Tripoli, bem como em Brega e outros cidades nodais na defesa do país. No total, mais de 200 civis já morreram em...

Licença para matar

São eles que sujam as mãos. Fazem o que as forças armadas dos Estados nem sempre podem fazer. Os mercenários têm carta branca para assassinar e torturar indiscriminadamente. A maioria é composta por ex-militares e polícias. Mas também há traficantes e...