Silêncios e omissões
Continua no segredo dos deuses o conteúdo da auto-designada «proposta para a reestruturação» dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo elaborada pela sua administração.
O que é certo e sabido quanto a este plano, que já terá sido remetido para o Ministério das Finanças, é que todo ele foi executado nas costas dos trabalhadores e sem qualquer participação sua, tal como nada do que nele consta foi previamente dado a conhecer quer à opinião pública vianense quer às forças políticas em geral.
Facto que tem motivado a justa crítica dos trabalhadores navais e suas organizações representativas e justificou uma diligência do deputado comunista Honório Novo junto do Governo a quem questionou sobre as razões que explicam o que chama de «grave omissão» dos responsáveis da empresa. É que, como salienta na pergunta que dirigiu ao Ministério da Defesa Nacional, a administração não respeitou a obrigação de manter os trabalhadores informados sobre «actos essenciais de gestão com implicação determinante no futuro dos ENVC».
Daí a insistência do deputado do PCP em querer saber se o Governo tenciona corrigir esta omissão e remeter com urgência a chamada «proposta de reestruturação» dos ENVC às organizações representativas dos trabalhadores.
Era essa atitude, aliás, que desde o início deste processo deveria ter marcado o comportamento da administração, tanto mais que está em causa o plano estratégico para a reestruturação de uma empresa com uma importância capital nos planos económico e social no distrito de Viana do Castelo.
Mais ainda, como salienta Honório Novo, quando é sabido que na referida «proposta de reestruturação» consta um conjunto de medidas tendentes a concretizar o que a administração denomina de «emagrecimento da estrutura de recursos humanos», eufemismo que mais prosaicamente é sinónimo de despedimentos.