Nas nossas mãos
«Os proletários da capital no meio dos desfalecimentos e das traições das classes governantes, compreenderam que para eles tinha chegado a hora de salvar a situação tomando em mãos a direcção dos negócios públicos...».
Faz 140 anos que o proletariado de Paris iluminou a história. Este pronunciamento do Comité Central da Guarda Nacional, anunciando a Comuna de Paris, o primeiro Estado Proletário da História, é hoje ainda mais actual do que no dia 18 de Março de 1871. Não tanto pela importante denúncia que contém sobre o carácter das classes dominantes, nem pela importante constatação da necessidade de agir. Mas pela decisão, histórica e pioneira, de passar à concretização da tarefa do proletariado tomar nas suas mãos o poder do Estado.
O passado dia 12 de Março reforçou a importância de aqui lembrar esta actualidade. Pelo que revelou do grau de consciência existente hoje da «traição das classes governantes» e de que é «chegada a hora de intervir». Pelo que revelou do atraso na compreensão de que, também hoje, a tarefa do proletariado é «tomar nas suas mãos» o poder, e não o de escolher entre os representantes das classes dominantes os que administrarão o Estado ao serviço dos exploradores. Não por acaso, a luta ideológica em torno desta acção centra-se nestes pontos. Com a burguesia a tentar desviar o que está maduro e abortar o que ainda não amadureceu.
No dia 19 de Março, a luta continua. Desempregados, precários, efectivos, com contratação colectiva ou sem ela, do sector privado ou da administração pública, a recibos verdes, contratados à hora ou ao mês, bolseiros e estagiários, aprendizes ou mestres, mas todos, todos, proletários, todos dependentes da venda da sua força de trabalho, todos explorados. É a luta do trabalho contra o capital, que há séculos faz mover a história.
Como aprendemos com os que há 140 anos se atreveram a tomar o céu de assalto, «tomar nas suas mãos a direcção dos negócio públicos» exige muito mais dos trabalhadores do que a justa resistência à exploração e uma imensa coragem – exige organização e direcção, teoria e prática revolucionária, consciência, disciplina e perspectiva. Partido. Que se cria na luta, e só na luta.