Sempre comunista

José Casanova

O 90.º aniversário do PCP proporcionou aos comentadores do costume os comentários do costume. É assim há muitos anos. Há noventa para ser mais preciso.

Durante o regime fascista – hoje cirurgicamente alcunhado pelos historiadores do sistema de «antigo regime» ou «estado novo» – o «fim do chamado partido comunista português» foi diversas vezes anunciado e celebrado em jornais, discursos e missas. E enquanto tais anúncios e celebrações tinham lugar, o PCP continuava a enfrentar o fascismo, a resistir-lhe, a bater-se pela liberdade e pela democracia – e, recorde-se uma vez mais, era o único partido a assumir tal postura, na medida em que todos os outros tinham acatado obedientemente a dissolução decretada por Salazar.

De então para cá, sabemos – porque os comentadores do costume assim vêm comentando desde há mais de três décadas – que o PCP padece de «irreversível definhamento». Ou está «condenado ao desaparecimento». Ou «morrerá em breve e ainda bem»... e um desses soturnos pregoeiros da morte chegou mesmo a garantir, aqui há uns vinte anos, que «o PCP morreu ontem». Outros há que abordam a questão na vertente do «envelhecimento», para o que contam com fotografias e imagens mostrando militantes comunistas idosos – e chegando, mesmo, a conseguir mostrar fotos e imagens só de gente de idade na Festa do Avante!...

E enquanto os comentadores do costume vão debitando os comentários do costume, o PCP está bem e recomenda-se... isto é, continua na primeira fila da luta de todos os dias contra a política de direita e por uma alternativa de esquerda – e é o único grande partido que, com coerência, assume tal postura.

Mais do que isso – e certamente para desespero dos gatos-pingados de serviço: o PCP cresce, ganha novos militantes, reforça a sua ligação às massas trabalhadoras, reforça-se orgânica, interventiva e ideologicamente, assume-se inequivocamente como digno continuador do Partido que há noventa anos deu o primeiro passo de uma caminhada heróica e sem paralelo no quadro partidário nacional.

E que daqui por noventa anos cá estará. Sempre com os trabalhadores, o povo e o País. Sempre comunista.



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