Recorde de baixas militares e civis
O ano de 2010 foi o mais mortífero para os ocupantes desde a invasão do Afeganistão. Aos militares mortos, acrescem milhares de vítimas civis da guerra imperialista.
«2010 foi o ano mais mortífero para os ocupantes»
A primeira morte de um soldado da ISAF em 2011 ocorreu no Sul do país, a 1 de Janeiro, dando seguimento ao trágico cenário verificado o ano passado no território. De acordo com a contagem feita pelo sítio icasualties, em 2010 morreram no Afeganistão 711 soldados estrangeiros, fazendo daquele período o mais mortífero para os ocupantes desde o início da invasão.
Os EUA lideram o total de perdas, com 497 militares mortos, seguidos da Grã-Bretanha, com 103. Face a estes números, o general Joseph Blotz, porta-voz da ISAF, admite que em 2011 haverá «mais violência» e «mais combates», fruto, acrescenta, da continuação das campanha levadas a cabo em regiões com forte presença da resistência, iniciadas com o envio de mais contingentes de combate, decidido por Barack Obama.
As investidas imperialistas não estão, porém, a debelar a força dos grupos armados que se opõem à ocupação, e logo nos primeiros dias de 2011 a base militar de Bagran foi atacada com tiros de morteiro.
Os civis também não são poupados e, nos primeiros dias do novo ano, a explosão de uma mina numa estrada na província de Helmand matou pelo menos 14 pessoas, entre as quais mulheres e crianças.
«Danos colaterais»
De facto, em nove anos de guerra imperialista, o número de vítimas entre a população afegã tem sido sempre crescente. Segundo as Nações Unidas, desde 2001, o número de vítimas civis tenha crescido a um ritmo médio de 31 por cento por ano. A ONU estima ainda que, nos primeiros dez meses de 2010, pelo menos 2400 civis tenham sido mortos nos combates e atentados, 67 por cento dos quais em resultado das acções dos insurrectos, sublinha, mas os talibãs rejeitam esta acusação e transferem a responsabilidade para as operações das tropas imperialistas.
Paralelamente, uma investigação do britânico Canal 4 afirma, igualmente, que se registou um crescimento dramático no total de feridos civis no país. A estação de televisão recolheu informações junto de três hospitais e concluiu que, de Janeiro a Outubro de 201, o número de feridos civis aumentou entre 77 e 163 por cento. O coordenador do hospital de Lashkar Gah garante terem «mais feridos que nunca em seis anos de presença no Afeganistão», e estima em 500 por cento o crescimento do conjunto de crianças atingidas.
A OMS, por seu lado, diz que pelo menos 30 por cento das crianças afegãs sofrem de desnutrição, que a mortalidade infantil atinge os 267 por 1000, e que 25 por cento dos menores nascidos no território não chegam à idade escolar.
Há quem chame a tudo isto «danos colaterais».