Pela mudança radical
Os trabalhadores gregos voltaram a paralisar o país no dia 15, naquela que foi a 14ª greve geral no espaço de um ano convocada pela PAME e a oitava que teve a adesão das centrais reformistas.
Gregos cumprem 14ª greve geral num ano contra a austeridade
Em 17 de Dezembro de 2009, a Frente Sindical de Todos os Trabalhadores (PAME) convocou a primeira greve geral contra o primeiro pacote de medidas antipopulares anunciado pelo então recém-eleito governo do PASOK.
Desde essa data não houve praticamente uma semana que não tenha ficado marcada por protestos dos mais variados sectores e profissões. Face aos ataques consecutivos do governo contra os salários e prestações sociais, os direitos laborais e sociais, a PAME, frente sindical apoiada pelos comunistas, desencadeou um movimento de massas que se foi ampliando, redobrando de força e firmeza.
Na passada semana, dia 15, todos os sectores voltaram a convergir na contestação geral às políticas do governo de Gueórguios Papandreu. Esta nova greve geral de 24 horas, convocada pela PAME, abrangeu todas as esferas da vida económica e social do país: a produção industrial foi interrompida, transportes públicos não funcionaram, portos e aeroportos pararam, escolas e universidades encerraram e nos hospitais apenas se cumpriram os serviços mínimos nas emergências.
Desde o amanhecer, milhares de comunistas e outros activistas integraram os piquetes à porta dos locais de trabalho, defendendo o direito de greve contra todo o tipo de pressões.
Em 63 cidades tiveram lugar manifestações da PAME, fortemente participadas pelos trabalhadores, que cada vez mais viram as costas às direcções sindicais das federações no sector público e privado (GSEE e ADEDY), comprometidas com «diálogos sociais» desastrosos. Aos protestos juntaram-se auto-empregados, pequenos e médios agricultores e uma enorme massa de juventude (estudantes e trabalhadores).
Governo ataca
contratação colectiva
Na véspera da greve geral, o governo fez passar no parlamento um novo pacote de medidas que arrasam direitos elementares dos trabalhadores. Em primeiro lugar prevê a redução de salários (de 10 a 25%) dos trabalhadores nas antigas indústrias estatais e nas empresas de serviços públicos; revoga os convénios colectivos sectoriais, fazendo prevalecer acordos de empresa que poderão impor cortes salariais entre 30 a 40 por cento; liberaliza os despedimentos, generalizando as formas de precariedade (emprego em tempo parcial, emprego por rotação, despedimentos colectivos temporários, etc.); subverte toda a regulamentação do trabalho por turnos, férias, licenças e prémios que ficarão ao arbítrio do patronato; diminui a remuneração das horas suplementares em dez por cento; aumenta o período de experiência de dois para 12 meses. Ao mesmo tempo, o governo decretou uma diminuição da carga fiscal para as empresas.
Face a este conjunto de medidas, a secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, declarou à saída de um encontro com o primeiro-ministro, realizado dia 14 a pedido deste último: «Não houve consenso em nada. A nossa avaliação é de que a verdadeira guerra está a começar agora».
No comício em Atenas, Papariga voltou a insistir: «Ou é o povo a ir à falência ou é o sistema político. Nós continuaremos a lutar para o seu derrube. Não existe outra opção. Há 20 anos, os trabalhadores ainda podiam obter algumas vitórias através das suas lutas, mas hoje precisamos de mudança radical e só o povo pode produzi-la.»