Subidas
A semana passada «fechou» com uma ligeira descida dos juros da dívida pública portuguesa a 10 anos (6,2%), mas na segunda-feira seguinte tudo voltou à mesma, e os tais juros atingiram novo recorde (6,9%), aproximando-se, ainda por cima, da ominosa fasquia dos 7%, estapafurdiamente decidida pelo Ministro como o «tecto» que imporá o pedido de intervenção do FMI.
Esta nova arremetida dos «mercados» contra a economia portuguesa seguiu-se à que já havia sido posta em prática no próprio dia em que PS e PSD chegaram «a acordo» na aprovação do Orçamento do Estado, o que demonstra que o espectáculo montado pelo PS e o PSD a fazer crer que o entendimento entre ambos, para o Orçamento, «era vital» para «acalmar os mercados», não passava de mais uma monumental treta.
Quanto a estas constantes subidas dos juros no «mercado», só têm importância enquanto se considerar o dito mercado como o alfa e o ómega da vida no planeta: no momento em que se voltar a mandar os mercados darem uma volta (veja-se o que aconteceu com a Grande Revolução de Outubro ou o New Deal» de Roosevelt para combater o «crash» da Bolsa em 1929), outro galo cantará de imediato, e pelo real interesse dos povos.
ADSE
O meticuloso desmantelamento dos cuidados médicos à população continua a ser um objectivo central da política do PS de Sócrates. O mais recente ataque surgiu há dias com a decisão de transformar a ADSE – o sistema de Saúde de todos os funcionários públicos – em «sistema voluntário», onde os trabalhadores do Estado só entrarão «se quiserem».
O engodo estará (ao que se supõe) na desobrigação desses trabalhadores em verem tirado 1.5% do salário para a prestação da ADSE, até agora obrigatória para todos os funcionários públicos quando entram ao serviço. Como «compensação», ficam sem a assistência médica, medicamentosa e hospitalar que, até aqui, a ADSE lhes garantia, o que, obviamente, é um «negócio» do arco da velha... Entretanto, a ADSE será «encaminhada» para ser uma espécie de «seguro de saúde», com todas as insuficiências de assistência que isso significa.
Primeiro, foram desmantelados os sistemas especiais que havia para jornalistas, bancários, militares e forças militarizadas, agora segue-se o da Função Pública, até se chegar ao próprio SNS.
Com tudo isto, José Sócrates ainda tem o descaramento de continuar a armar-se em defensor do «Estado social»...
Lucros
O Jornal de Notícias escolheu aleatoriamente dez empresas do PSI 20 e que já apresentaram as suas contas relativas aos nove meses deste ano, concluindo que estas empresas somam um total de sete mil e setecentos milhões de euros de lucros, o que constitui mais 23,7% face a igual período do ano passado. Um montante – segundo as contas do JN – que daria para a construção da rede do TGV em Portugal.
Já se sabia, mas é bom verificar, preto no branco, que «a crise» não é para todos: o grande capital continua de vento em popa, empilhando lucros sobre lucros.
E este excelente Governo – à semelhança dos excelentes governos que mandam na União Europeia – cá está para garantir que os sacrifícios continuem devidamente repartidos: os lucros desmedidos para os grandes capitalistas, os sofrimentos sem medida para os trabalhadores e os povos.