A força de um colectivo
O primeiro comício da candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República, realizado no dia 29 na centenária Voz do Operário, em Lisboa, pela força e determinação ali demonstradas, provou ser esta a candidatura de um projecto e de um colectivo – aquele que levará a cabo uma campanha que se quer de massas, de esclarecimento e participação populares.
A candidatura dos que não se rendem nem capitulam perante os poderosos
O dia não era o melhor para enchentes devido à forte chuva que caiu em Lisboa e que deixou zonas da cidade inundadas e fechadas ao trânsito durante horas. Mas o salão da Voz do Operário encheu-se na noite de sexta-feira para aquele que foi o primeiro comício da candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República.
As centenas de pessoas que ali estiveram de forma intensa e combativa deram corpo à afirmação, proferida pelo próprio Francisco Lopes, de que a «nossa candidatura assenta na participação, na força e na capacidade dos seus activistas e apoiantes». Os mesmos que darão corpo à campanha eleitoral e que travam, no dia-a-dia, a maior e mais decisiva de todas as lutas – a luta de classes.
Momentos depois, seria o próprio Secretário-geral do PCP a retomar esta ideia. Após reafirmar a sua confiança no candidato, Jerónimo de Sousa acrescentou que «ganhemos mais confiança na intervenção e capacidade do nosso colectivo partidário e em todos os democratas que estão connosco neste combate eleitoral e nas diversas frentes em que lutamos».
Os «duros combates» que aí vêm vão exigir de todos um «crescente empenhamento para dar à nossa candidatura, à candidatura do camarada Francisco Lopes a dinâmica, a força, a expressão de massas que a projecte como a candidatura dos que não se rendem nem capitulam perante os objectivos e a chantagem dos grandes interesses e poderosos e do seu projecto de exploração dos trabalhadores e dos povos». A terminar, Jerónimo de Sousa lembrou ser «no nosso ideal e projecto» que «reside e irradia a nossa força» – por isso, «quando dizemos ao camarada para avançar, avançamos com ele e a seu lado».
Interveio também no comício o mandatário distrital de Lisboa, Libério Domingues (ver texto nas páginas seguintes), enquanto que Samuel Quedas, que é mandatário em Évora, interpretou canções de resistência e revolução – da sua autoria ou versões de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira ou Manuel Freire. Mas terminou com uma canção chilena que, diferenças geográficas e históricas à parte, teve tudo a ver com o que ali se tratou: «Porque esta vez no se trata/ de cambiar un presidente/ será el pueblo quien construya/ un Chile bien diferente».