Ele há crises...e «crises»
É certo que o capitalismo está em crise - uma das suas inevitáveis crises económicas, inerentes à sua natureza, como já dizia Marx há 150 anos.
É uma crise de sobreprodução, quando o poder de compra da população não lhe permite ter recursos para adquirir a produção capitalista disponível.
Mas a «crise» de que tanto se fala agora é outra.
Diz o 1º ministro, com a habitual falta de seriedade com que responde na Assembleia da República, que quando tirou das finanças públicas os milhões para comprar o BPN se tratava de salvar o sistema financeiro português – e que agora estamos perante uma «crise internacional dos mercados financeiros».
Temos pois de concluir que quem realmente tem o poder de determinar o que se faz no mundo não são os governos formalmente eleitos pelos povos – é, sim, esse poder oculto do capital financeiro internacional.
Mas qual é a legitimidade, o direito, que esse capital financeiro tem para assim, pelos seus interesses, sobrepondo-se a governos e povos, lançar na ruína países inteiros e na miséria milhões de pessoas,? Quem lhe deu o poder de determinar os rumos da economia mundial, submetendo-a aos seus interesses?
Temos de concluir que estamos numa fase do desenvolvimento do capitalismo como sistema mundial em que se estabeleceu de facto uma ditadura mundial do capital financeiro, na qual os governos e as forças políticas que aceitam e impõem essa ditadura mundial se transformam, num arremedo de democracia, em simples marionetes desse poder oculto, secretamente organizado e dirigido.
É assim que o sistema capitalista enlameia e sufoca a democracia política de que, verbalmente e falsamente, se proclama como portador...
Esta «crise» do sistema financeira revela-se como um pretexto do grande capital para aumentar brutalmente os lucros que lhe sejam permitidos pelos poderes políticos a ele submetidos, à custa da exploração dos trabalhadores e do agravamento das condições de vida da população.
Vem depois o 1.º ministro Sócrates dizer que «não há alternativa»!
Ele sabe que há.