Catástrofe nacional
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) acusou o Governo de «falta de uma política nacional de prevenção e correcto ordenamento florestais», que faz arder as florestas de Norte a Sul do País, com particular gravidade na Serra do Gerês e na Serra da Estrela.
«Apesar do incremento verificado nos últimos anos, na actual situação escasseiam os meios de combate quer no solo quer no ar, e são visíveis sinais de descoordenação entre as entidades oficiais com capacidade e responsabilidades de intervenção na catástrofe», salienta, em nota à comunicação social, a CNA, lembrando que «depois de cinco anos de tréguas», «persistem os problemas estruturais da floresta nacional», nomeadamente nas Zonas de Intervenção Florestal, que «passaram de um sentimento de expectativa, por parte dos produtores florestais, para um sentimento de marasmo e desânimo».
Os agricultores criticam ainda a ausência de investimento público, uma vez que «a quase totalidade dos apoios comunitários destinados a financiar o sector florestal português ainda estão por atribuir».
Ruína da agricultura familiar
A CNA recorda ainda que a «grande extensão e violência dos incêndios florestais» devem-se à ruína da agricultura familiar e ao consequente abandono do «uso múltiplo» da floresta, à «proliferação da monocultura de espécies em crescimento rápido que têm destruído a natureza e a função social, ambiental e paisagística da nossa floresta» e às «alterações climatéricas».
Para minimizar a situação, o Governo deverá promover «as espécies florestais que constituam uma mais valia na prevenção dos recursos estratégicos» e uma «floresta planificada onde se saiba a quem pertence e que constitua um aliado natural no combate ao aumento exponencial dos riscos de incêndio, objectivos só possíveis com a materialização do Cadastro Florestal».
A associação de agricultores defende, de igual modo, o «equilíbrio entre espécies de crescimento rápido e de crescimento lento, promovendo as espécies autóctones em detrimento das importadas como o eucalipto e o pinheiro bravo», «sujeitar todo e qualquer apoio público ao sector florestal a fórmulas e critérios de distribuição – desburocratizados – que privilegiem objectivos sociais, ambientais e paisagísticos» e a «criação de condições para a valorização geral da floresta de uso múltiplo, de forma a rapidamente se alcançar melhores preços da madeira na produção».