Como se não bastassem os aumentos já concretizados, a Entidade Reguladora para o sector da água propôs o aumento deste bem em valores muito significativos. «A proposta dos aumentos da água para além de agravar as condições de vida das populações, assume-se também como condição favorável para a sua privatização, objectivo pretendido pelo Governo e exigido pelos grandes grupos económicos, situação que a concretizar-se acarretaria nefastas consequências, particularmente para os consumidores de menores recursos económicos e para a economia nacional», denuncia, em nota de imprensa, o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), referindo que a «água é um bem comum a todo o ser humano».

Também o Partido Ecologista «Os Verdes» considerou que a proposta de recomendação elaborada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos vem «sobrecarregar ainda mais os gastos das famílias portuguesas com um possível aumento do preço, entre 19 e 42 por cento».

«Acenando com a necessidade de garantir a sustentabilidade dos sistemas públicos de abastecimento mediante o estabelecimento daquilo a que chama um preço justo, a proposta de recomendação da ERSAR, prosseguindo a orientação do Governo no sentido da privatização deste recurso fundamental que é a água, e de acordo com as recentes declarações da ministra do Ambiente quando garantiu que o preço da água teria de aumentar, vem ainda atacar o princípio da autonomia do poder local ao empurrar para as autarquias a decisão final sobre esta matéria, sacudindo o Governo a sua responsabilidade e o ónus do descontentamento das famílias», acusam os ecologistas, considerando a intenção «totalmente inaceitável».