A reacção não passará!
Este sábado ocorreu a maior manifestação nacional das últimas décadas. Fomos mais de trezentos mil em Lisboa, no combate à política de direita do PS, PSD e CDS. Foi uma impressionante jornada da luta de classe contra a exploração e rapina do capital financeiro, contra as políticas do PEC, de desastre económico e social e declínio nacional. Foi uma poderosa afirmação de determinação para enfrentar a ignomínia e a traição nacional, e de confiança que é possível a ruptura e a alternativa, patriótica e de esquerda.
E por isso o PS, que as grandes lutas de massas destes últimos anos conduziram à derrota eleitoral de 2009, preparou uma significativa operação de reacção, mistificação, provocação e retaliação contra a manifestação de 29 de Maio.
Nem tudo é fácil de escalpelizar, mas repare-se como nestes dias a agenda de Sócrates procurou uma «imagem de esquerda», na Venezuela e no Brasil, que aliás resultou «aldrabilhas» - no fracasso da instrumentalização do cantor Chico Buarque e no «flop» do jantar com personalidades da cultura brasileira -, ou na reunião que formalizou o apoio «progressista» do PS a M. Alegre para candidato a PR.
Note-se a tentativa - derrotada - de repetir «incidentes» como o de V. Moreira, no 1.º de Maio de 2009, com a (contra) manifestação sectária do BE, a provocação dum grupelho de «anarcas», ou os «empurrões com a polícia», encenados para uma câmara de televisão, cuidadosamente colocada numa rua afastada do percurso da manifestação.
Atente-se na esmagadora barragem da comunicação social dominante, «braço armado» do poder económico, para diminuir a manifestação – primeiro a «Greve Geral», que não está convocada mas foi usada para mistificar, depois a desvalorização de uns «milhares de manifestantes», a ocultação e manipulação de imagens da «manif» e o imediato abandono do tema pelos media, ou a violência da guerra ideológica das televisões com os mais desqualificados «amarelos» do PS – W. Lemos, H. André, J. Proença.
Foi esta a reacção do PS e da sua «Central» no Governo à manifestação de 29 de Maio. Em vez de admitir a mudança, vai insistir na política de direita e na retaliação.
Mas neste sábado o país mudou. Não tanto como é necessário, mas mudou. Galgou, pela luta, um patamar na compreensão das massas de que a política de direita não pode continuar.