Grécia voltou a parar
Milhões de trabalhadores paralisaram, dia 20, a generalidade das actividades na Grécia, reafirmando a sua disposição de luta contra a ofensiva antipopular.
Os protestos continuam a intensificar-se na Grécia
Esta greve geral foi a nona organizada em cinco meses pela Frente Militante dos Trabalhadores (PAME) e a quinta em que participam as duas centrais sindicais GSEE (sector privado) e ADEDY (sector público).
Logo pela madrugada, centenas de grevistas da PAME ocuparam o edifício do Ministério do Trabalho, colocando na fachada um pano gigante com o apelo: «rejeitem as medidas». Edifícios públicos foram igualmente ocupados noutras cidades do país.
No centro dos protestos estiveram as recentes alterações anunciadas no sistema de segurança social. As novas medidas restritivas, que entretanto já foram consideradas insuficientes pela Comissão Europeia, prolongam as carreiras contributivas para além dos 40 anos, aumentam a idade da reforma, diminuem o montante das pensões, visando nivelar este direito a uma prestação de fome equivalente a 360 euros. Também a lista de profissões de alto desgaste é suprimida, a par.
Na capital, uma grande manifestação da PAME iniciou-se com uma concentração no centro urbano, onde tomaram a palavra, para além de representantes sindicais, membros dos movimentos dos trabalhadores independentes (PASEVE), dos pequenos agricultores (PASY) e da frente estudantil (MAS). Dali dezenas de milhares de trabalhadores desfilaram até ao Ministério do Trabalho.
Em várias outras cidades, como o Pireu ou Salónica, decorreram igualmente importantes manifestações de protesto.
Indignação geral
Ao mesmo tempo que vários sindicatos (electricidade, banca, professores e outros) prometem continuar a luta com novas greves nas próximas semanas, o aprofundamento da crise económica e social prepara o terreno para uma crise política.
Uma sondagem divulgada, no dia 16, pelo semanário Proto Thema, revela que 91 por cento dos gregos estão revoltados contra os partidos e os políticos, considerando (87,9%) que o fardo das medidas de austeridade está a ser repartido injustamente. Neste quadro, 47,5 por cento dos inquiridos prevêem que o governo não conseguirá chegar ao final do mandato de quatro anos.
A conflitualidade social tenderá a agravar-se com a aplicação das medidas anunciadas, isto é, quando os cortes nos salários surgirem nos recibos de vencimento, quando deixarem de ser pagos o 13.º e 14.º mês, quando encerrarem serviços públicos e os seus trabalhadores engrossarem as filas do desemprego, que já hoje afecta 12 por cento da população activa.