Escandaloso!
O Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) considera «inaceitável» e «escandalosa» a maioria das medidas anunciadas pelo Governo, no quadro do «Plano de Austeridade», nomeadamente o aumento do IRS e do IVA, que irão afectar todos aqueles que auferem rendimentos mais baixos e os que se encontram no desemprego.
Subjugação aos interesses e decisões da União Europeia
«Estas medidas são tanto mais escandalosas, quando renegam um conjunto de compromissos eleitorais que contribuíram para a formação deste Governo e foram novamente repetidos no Programa do Governo, designadamente o não aumento dos impostos», recordam os ecologistas, que acusam o Executivo PS de subjugação «aos interesses e decisões da União Europeia em matérias económicas».
Um «esforço» pedido aos portugueses mais pobres, acrescenta o PEV, «sendo que outros, os que obtêm através da especulação financeira lucros chorudos, os que auferem salários escandalosos, assim como as grandes mais valias económicas ficam à margem de qualquer beliscadela com estas medidas, daí se compreender o voluntarismo do novo presidente do PSD, partido que sempre defendeu o neoliberalismo, na elaboração deste acordo».
Em nota de imprensa, «Os Verdes» sublinham ainda o quão «escandaloso é, e oportunista, a coincidência do acordo PS/PSD e do anúncio deste Plano de Austeridade com a vinda do Papa a Portugal, aproveitando o desvio de atenção de muitos portugueses para este evento religioso».
Também os micro, pequenos e médios empresários não concordam com estas medidas, considerando-as «a repetição de erros anteriormente cometidos», que vão criar «dificuldades ao funcionamento do mercado interno, agravam o poder de compra e diminuem o consumo». «Este aumento de impostos que o Governo diz ser a prazo vai reflectir-se na economia de forma negativa e provavelmente no último trimestre de 2010, ou até antes», adverte a Confederação dos Micro, Pequenos e Médios Empresários (CPPME), que continua a afirmar que «na política fiscal é necessária diferenciação que fomente o desenvolvimento das actividades produtivas e discrimine pela positiva as MPME’s».
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) também condenou as restrições impostas pelo Programa de Estabilidade e Crescimento, decretado pelo Executivo PS e pela União Europeia. «O aumento do IVA vai encarecer ainda mais tudo aquilo que os agricultores têm que comprar para produzir, vai pressionar para novas baixas os já muito baixos preços à produção e vai contribuir para o aumento do preço dos bens alimentares no consumidor», acentua a CNA, lembrando ainda que a redução de salários, de subsídio de desemprego e o aumento de outros impostos como o IRS vão provocar uma «ainda maior redução do poder de compra dos portugueses, o que vai forçar a uma ainda maior diminuição do consumo da política alimentar nacional».
Por seu lado, o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) sublinhou que as decisões tomadas pelo PS, com o apoio do PSD, vão acentuar as desigualdades sociais e aumentar a pobreza com consequências gravíssimas para o bem estar e qualidade de vida da maioria das famílias portuguesas, e exortou as populações para manifestarem o seu protesto e indignação.