Bombardeamento no Afeganistão

Povo protesta contra ocupantes

A população do distrito de Surkh Rod, na província de Nangarhar, no Nordeste do Afeganistão, realizou diversos protestos, desde quinta-feira da semana passada, contra a NATO e a ocupação do país.

 

Fontes locais falam em 11 civis mortos

O rastilho da revolta foi um novo bombardeamento aéreo que, dizem fontes locais, matou pelo menos 11 civis. O comando da Aliança Atlântica alega que o alvo era um esconderijo talibã e diz não ter qualquer indicação de vítimas civis, mas os habitantes desmentem e insistem que no raide aéreo só morreram «agricultores, nenhum militante insurgente», disseram à AFP.

A agência noticiosa não confirma a ocorrência de distúrbios durante as manifestações, mas relatos baseados em testemunhos locais indicam que a população entrou mesmo em confronto com a polícia durante os protestos.

Em Abril deste ano, um graduado da polícia militar afegã acusou a NATO de ter bombardeado a sua casa provocando a morte a um dos seus parentes. A habitação, situada precisamente em Surkh Rod, foi identificada pelos invasores como um «reduto talibã».


Kandahar na mira


O massacre da semana passada no Afeganistão ocorreu enquanto o presidente vassalo, Hamid Karzai, visitava Barack Obama e quando as forças da NATO preparam uma nova ofensiva contra a província de Kandahar.

O assalto à segunda cidade do país e alegado bastião insurgente está a ser preparado, com tropas norte-americanas a assumirem posições nos arredores da área urbana e a condicionarem o acesso à cidade. O ataque a Kandahar pode ser a maior campanha militar da NATO em nove anos de ocupação do Afeganistão, e deverá iniciar-se antes do ramadão. Pelo menos 10 mil homens serão mobilizados, diz a imprensa norte-americana que cita fontes oficiais.


Tortura prossegue


Paralelamente aos massacres contra civis e ao troar dos tambores de guerra em Kandahar, a Cruz Vermelha confirmou os dados apurados numa investigação da BBC segundo os quais os EUA continuam a torturar prisioneiros afegãos na base militar de Bagram, próxima de Kabul.

De acordo com uma reportagem da televisão estatal britânica, para além do cárcere conhecido existe naquela unidade militar norte-americana outro onde vários afegãos dizem ter sido torturados.

Os prisioneiros ouvidos pela BBC separadamente contaram todos histórias semelhantes: celas frias, luz e ruído permanentemente que impedem os detidos de dormir (e quando isso acabava por acontecer, os guardas que observavam por uma câmara vídeo entravam na cela e molestavam os preso, testemunhou Sher Agha).

Os EUA admitem que 80 por cento dos detidos que já passaram por Bagram não eram «terroristas treinados». Nenhum preso naquele cárcere levado a tribunal foi alguma vez acompanhado por um advogado ou foi visitado por qualquer familiar.

Actualmente encontram-se em Bagram cerca de 900 indivíduos. Em Setembro o número era de 650.



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