Um expressivo «não» a Berlusconi
Um milhão de pessoas, afirmam os organizadores, apenas 90 mil condescendem as autoridades. Ironizando com a guerra de números, o dramaturgo Dario Fo declarou aos manifestantes: «vim dizer-vos que, segundo a polícia, sois 25.»
Protesto espontâneo precisa de direcção política
A manifestação, que juntou por certo muitas centenas de milhares de pessoas na capital italiana, começou por ser lançada através da Internet. Aí foi criada uma página designada «No B. Day» (O dia do não a Berlusconi).
Em pouco tempo, 300 mil internautas aderiram à iniciativa. No sábado, 5, desceram do mundo virtual às ruas de Roma formando uma maré humana como há muito não se via no país.
A este protesto há ainda que juntar dezenas de outros registados no mesmo dia através do mundo. Lisboa não foi excepção. Cidadãos de nacionalidade italiana e alguns portugueses subiram ao Largo Camões para expressarem a sua indignação e exigirem a demissão do primeiro-ministro transalpino. Acções semelhantes tiveram lugar em Berlim, Sidney, Londres, Barcelona, Amesterdão, Dublin, Paris, Viena, São Francisco, Montreal, Buenos Aires, Madrid, etc.
Apesar de formalmente ter sido organizada à margem dos partidos, a presença de muitas bandeiras vermelhas revelou que grande parte das formações de esquerda italianas apoiaram a acção, como é o caso do Partido da Refundação Comunista, do Partido dos Comunistas Italianos, dos Verdes ou da Itália dos Valores, entre outros.
Entre os manifestantes estavam numerosos intelectuais e foram praticamente só eles que intervieram no final. Por exigência dos organizadores nenhum político foi autorizado a subir ao palco montado na Praça de San Giovanni.
Sem projecto político
O carácter alegadamente «apolítico» desta grandiosa iniciativa constituiu para alguns participantes a principal fraqueza do protesto, de acordo com vários depoimentos recolhidos por Gorka Larrabeiti do site Rebelión (06.12).
Para Flavia D’Angeli, porta-voz da Sinistra Critica, partido nascido de uma cisão da Refundação Comunista, a jornada pecou por se concentrar exclusivamente na personagem de Silvio Berlusconi, omitindo «as questões da crise social e económica. Falou-se muito pouco dos trabalhadores que estão em luta contra os despedimentos e o encerramento de empresas».
Flavio Nobile, da secção de Roma do Partido dos Comunistas Italianos, constatou igualmente que «a rede conseguiu reflectir de modo espontâneo o mal-estar generalizado. O problema é que politicamente não tem capacidade para encontrar uma síntese que dê saída a esse mal-estar. Sozinha, a rede dificilmente poderá servir para construir um projecto político que é o que necessita este país».
Roberto Sarti, da Refundação Comunista, reforçou esta ideia notando que «nos últimos anos tem havido manifestações enormes que, no entanto, não têm reflexos nas forças políticas». Para orientar o descontentamento da rua, acrescentou é preciso estar «presente nas fábricas» de modo «a lutar não só contra Berlusconi mas também contra o patronato».
Em pouco tempo, 300 mil internautas aderiram à iniciativa. No sábado, 5, desceram do mundo virtual às ruas de Roma formando uma maré humana como há muito não se via no país.
A este protesto há ainda que juntar dezenas de outros registados no mesmo dia através do mundo. Lisboa não foi excepção. Cidadãos de nacionalidade italiana e alguns portugueses subiram ao Largo Camões para expressarem a sua indignação e exigirem a demissão do primeiro-ministro transalpino. Acções semelhantes tiveram lugar em Berlim, Sidney, Londres, Barcelona, Amesterdão, Dublin, Paris, Viena, São Francisco, Montreal, Buenos Aires, Madrid, etc.
Apesar de formalmente ter sido organizada à margem dos partidos, a presença de muitas bandeiras vermelhas revelou que grande parte das formações de esquerda italianas apoiaram a acção, como é o caso do Partido da Refundação Comunista, do Partido dos Comunistas Italianos, dos Verdes ou da Itália dos Valores, entre outros.
Entre os manifestantes estavam numerosos intelectuais e foram praticamente só eles que intervieram no final. Por exigência dos organizadores nenhum político foi autorizado a subir ao palco montado na Praça de San Giovanni.
Sem projecto político
O carácter alegadamente «apolítico» desta grandiosa iniciativa constituiu para alguns participantes a principal fraqueza do protesto, de acordo com vários depoimentos recolhidos por Gorka Larrabeiti do site Rebelión (06.12).
Para Flavia D’Angeli, porta-voz da Sinistra Critica, partido nascido de uma cisão da Refundação Comunista, a jornada pecou por se concentrar exclusivamente na personagem de Silvio Berlusconi, omitindo «as questões da crise social e económica. Falou-se muito pouco dos trabalhadores que estão em luta contra os despedimentos e o encerramento de empresas».
Flavio Nobile, da secção de Roma do Partido dos Comunistas Italianos, constatou igualmente que «a rede conseguiu reflectir de modo espontâneo o mal-estar generalizado. O problema é que politicamente não tem capacidade para encontrar uma síntese que dê saída a esse mal-estar. Sozinha, a rede dificilmente poderá servir para construir um projecto político que é o que necessita este país».
Roberto Sarti, da Refundação Comunista, reforçou esta ideia notando que «nos últimos anos tem havido manifestações enormes que, no entanto, não têm reflexos nas forças políticas». Para orientar o descontentamento da rua, acrescentou é preciso estar «presente nas fábricas» de modo «a lutar não só contra Berlusconi mas também contra o patronato».