A propósito d' «O Muro»

Manuel Gouveia
Há 20 anos, dava-se «a queda do Muro de Berlim», enquadrada na contra-revolução burguesa. Nas palavras das duas correntes que convergiram e convergem no anticomunismo e na defesa do capitalismo - o oportunismo social-democrata e o liberalismo - abria-se uma era de prosperidade, paz e segurança para todo o mundo, e especialmente para os povos da Europa de Leste.
Mas o paraíso que anunciavam estava reservado para uns poucos: as multinacionais e os Abramovitchs e pulhas afins, que rapidamente assaltaram os aparelhos produtivos e os mercados destes países. Foram 20 anos de liberdade para a burguesia: liberdade para despedir, liberdade para pilhar os recursos naturais, liberdade para fechar serviços públicos, liberdade para corromper, liberdade para mentir e intoxicar, liberdade para acumular gigantescas fortunas, liberdade para agredir militarmente.
Para os povos, estava reservada a outra face da liberdade burguesa: a explosão do desemprego, a catástrofe da guerra, o crescimento brutal da toxicodependência e da criminalidade, a exploração desenfreada, a morte pela fome e por doenças curáveis, a diminuição abrupta da esperança de vida e da qualidade de vida, a emigração, a repressão.
Não foram precisos nem 20 anos para sublinhar a imensa superioridade do socialismo, em todos os campos, sobre o capitalismo. A realidade mais uma vez confirmou a tese de Lénine na sua discussão com o oportunismo: «A ditadura do proletariado é mil vezes mais democrática que a mais livre das democracias burguesas.»
Hoje, com o capitalismo mergulhado numa profunda crise que provoca uma imensa espiral de violência e caos, é preciso que os comunistas não se deixem intimidar com as gigantescas operações de propaganda que procuram criminalizar o socialismo e apresentar o capitalismo como uma inevitabilidade. E antes, valorizemos o inestimável contributo dos revolucionários que, nas mais difíceis condições, enfrentando a sistemática agressão imperialista, e tendo que resolver problemas que se colocavam pela primeira vez na história da humanidade, souberam demonstrar na prática a superioridade do socialismo sobre o capitalismo.


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