Um ponto num i…

Pedro Guerreiro

O PS con­ti­nuará com­pro­me­tido com as po­lí­ticas ne­o­li­be­rais, fe­de­ra­listas e mi­li­ta­rista da União Eu­ro­peia

Depois do PS, após os resultados das últimas eleições e «lançando avisos à navegação», ter reafirmado o seu programa eleitoral como base programática para o futuro governo, agora, na sua tomada de posse, volta a sublinhar a determinação em prosseguir as linhas essenciais da sua política, isto é, a política de direita.
Reafirmar o programa eleitoral do PS significa, relativamente à política externa portuguesa, a continuação e o aprofundamento do envolvimento de Portugal na NATO e no seu pilar europeu, que é a União Europeia, apontando como objectivo a plena participação de Portugal na sua militarização e nas missões militares sob comando desta(s).
Tal como significa que o PS continuará particularmente empenhado na Cimeira da NATO – cuja realização está prevista para o final do próximo ano, em Lisboa – que tem como objectivo a adopção de um intitulado «novo» conceito estratégico, que procurará dar resposta às crescentes dificuldades e contradições com que esta aliança intervencionista e agressiva se confronta na concretização da sua ambição de domínio mundial.

Reafirmar o programa eleitoral do PS significa continuar a envolver Portugal na militarização das relações internacionais, assumindo como prioridade a participação de forças armadas portuguesas em operações de ingerência e agressão a outros povos (como já acontece no Afeganistão, nas regiões dos Balcãs e do Médio Oriente ou em África) ou permitindo a utilização do território nacional para esse fim.
Significa que o PS continuará comprometido com as políticas neoliberais, federalistas e militarista da União Europeia e com a ratificação da proposta de tratado que as reforça, o tratado de Lisboa.
Isto é, significa que o PS continuará a realizar uma política externa marcada pela submissão aos interesses e estratégias das grandes potências no plano político, económico e militar – ao imperialismo –, definidas no quadro da NATO e da União Europeia. Uma política externa que integra as causas da grave situação com que se confronta a esmagadora maioria dos portugueses e o País.

Ao reafirmar e assumir, uma vez mais, como sua, a política de direita – de que uma política externa que está em flagrante contradição com o consagrado na Constituição da República Portuguesa é exemplo e componente central –, bem pode o PS tentar fazer crer que a responsabilidade de um não «entendimento» à esquerda não é sua, mas de outros, que não faz mais do que «sacudir a água do capote».
No fundo, driblando com a denominada «estabilidade governativa» e os proclamados «espírito aberto» e «abertura a todas as possibilidades» (entenda-se à direita e à dita «esquerda possível»), o PS apenas procura escamotear a sua não ruptura com a política de direita que realizou e pretende continuar a realizar.
Aliás, fazer uma amálgama, colocando, como alguns fazem, todos num mesmo saco das «esquerdas», apenas contribui para iludir as profundas responsabilidades do PS na concretização da política de direita durante 33 anos e esconder quem mais resistiu, lutou e mobilizou para a luta contra esta, isto é, o PCP.

Portugal, pela sua história e pelos laços de amizade que o seu povo mantém com outros povos do mundo, tem condições para inserir-se na grande corrente que luta por um mundo de progresso, paz e cooperação. Para tal, basta que sejam respeitados e cumpridos os princípios e todo um programa relativo às relações internacionais conquistado na Revolução de Abril e consagrados na Constituição da República Portuguesa – este sim, o caminho para, de novo, recuperar o prestígio e o respeito por Portugal no mundo.


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