EUA devem pôr cobro ao bloqueio a Cuba

A Assembleia Geral das Nações Unidas devia pronunciar-se ontem, pela 18.ª vez consecutiva, contra o boicote norte-americano a Cuba. À hora de fecho desta edição desconhecia-se ainda o resultado da votação do documento «Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba», mas tudo apontava para que, a exemplo de anos anteriores, fosse aprovado por esmagadora maioria.
A apresentação do texto estava a cargo do ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodriguez Parrilla, que nas vésperas do debate acusou os EUA de «continuarem a aplicar com todo o rigor o bloqueio a Cuba, desrespeitando em absoluto a resolução 63/7», aprovada em 2008 por 185 países e apenas com os votos contra de Washington, Israel e Palau, e as abstenções das Ilhas Marshall e da Micronésia.
«O comportamento do governo dos Estados Unidos da América desde Outubro de 2008 (...) até Maio de 2009 confirma que ainda não se deu um passo para pôr fim ao bloqueio (...)», lê-se no documento, que acusa Washington de não ter modificado os fundamentos sobre os quais foi adoptado o embargo e refere ainda que os Estados Unidos violam assim o Direito Internacional, bem como os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas.
Cuba acusa ainda a administração Obama de desenvolver uma ofensiva diplomática que «poderia levar, erroneamente, à crença de que começou a ser desmontado o bloqueio contra Cuba».
«Contudo, nada está mais longe da verdade», sublinha o relatório, frisando que as medidas da nova administração norte-americana «são insuficientes e de alcance muito limitado».
O embargo «constitui uma transgressão ao direito à paz, ao desenvolvimento e à segurança de um Estado soberano. É na sua essência, nos seus objectivos, um acto de agressão unilateral e uma ameaça permanente à estabilidade do país», refere o texto.
O embargo constitui ainda «uma violação flagrante, maciça e sistemática dos direitos de todo um povo» e «viola também os direitos constitucionais do povo norte-americano ao esmagar a sua liberdade de viajar a Cuba. Viola, aliás, o direito de muitos outros estados pelo seu carácter extra territorial», considera o relatório.
O documento menciona igualmente as «intensas e crescentes reclamações da comunidade internacional» apresentadas ao presidente norte-americano Barack Obama, que «tem mantido intacta a política de bloqueio».
«Não existe um sistema de sanções unilaterais semelhante que seja levado a cabo contra nenhum outro país do mundo por um período tão longo. Portanto, os Estados Unidos devem levantá-lo sem mais demora nem pretextos», exige o documento.
Recorda-se que, de acordo com as estimativas mais moderadas, Cuba já acumulou prejuízos de 96 mil milhões de dólares (63,8 mil milhões de euros, ao câmbio actual) por causa do bloqueio. Uma contagem mais actual eleva esses danos para 236 mil milhões de dólares (157 mil milhões de euros), afectando todos os sectores da sociedade cubana, incluindo turismo, saúde, educação e transferência de tecnologias.


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