Comentátio

Batalha decisiva

Maurício Miguel
Dentro de uma semana estaremos em Festa! A Festa do Partido e do povo que nela participa; uma Festa que encontramos sempre jovem, como um corpo humano de células renovadas, sempre surpreendente; uma Festa para fazer balanços de um ano de luta e ganhar balanço para um novo que se inicia. E este começa já com importantes lutas para o futuro do nosso País e do nosso povo. A primeira delas é seguramente a das eleições para a Assembleia da República a 27 de Setembro. Depois de um muito importante resultado obtido pela CDU nas eleições para o Parlamento Europeu, é a vez de levar até ao voto a condenação da política de direita do Governo PS. É condição para uma vida melhor a que todos aspiramos, o reforço da presença de deputados do PCP e da CDU: eleitos que fazem a diferença, como se constata pelo trabalho realizado no combate à política do Governo, no levantamento de problemas por ela gerados, na apresentação de propostas que procuram responder aos anseios dos trabalhadores e das camadas mais desfavorecidas do nosso País. A ruptura com a política de direita, que nos governa há mais de 30 anos, constrói-se com o reforço da luta de massas e da sua expressão institucional que dela se alimenta.
A degradação das condições de vida da maioria dos portugueses tem nos partidos que a têm promovido ou ajudado a promover, tanto em Portugal como na União Europeia (UE), os seus grandes responsáveis. Foram o PS, o PSD e o CDS/PP os artífices de uma teia que vem apertando aos poucos os trabalhadores, os jovens, os reformados, os micro, pequenos e médios empresários.
No plano da União Europeia, deve lembrar-se que foram estes partidos que, no essencial, têm dado luz verde aos tratados da UE, consolidando o poder das grandes potências e dos seus grandes grupos económicos e alienando importantes partes da nossa soberania. Foram estes mesmos que, sucessivamente, mandato após mandato, no governo ou através dos seus deputados no Parlamento Europeu, disseram sim às mais negativas orientações políticas e decisões da UE. O encerramento de empresas e o aumento do desemprego não são culpa de trabalhadores preguiçosos ou de agitadores comunistas como por aí se procura fazer crer. São antes resultado das opções políticas da UE e dos nossos sucessivos governos, que engordam as multinacionais com chorudos subsídios e ajudas, impõem salários e legislação laboral à medida dos seus interesses, para mais tarde ficarem a vê-los voar para outro lado, dizendo nada poder fazer. Se os portugueses são dos que pagam hoje a energia mais cara na UE, com um serviço em degradação e perdas de direitos dos trabalhadores desses sectores, isso deve-se à privatização dessas empresas - apresentada como a panaceia – servindo, na realidade, apenas para desbaratar empresas públicas que hoje se transformaram em empresas muito lucrativas para o capital. A orientação privatizadora da UE e do Governo, dirige-se já para sectores como a saúde e a educação, onde o capital espreita novos lucros. Se os pequenos e médios agricultores têm cada vez maiores dificuldades em obter preços justos pela sua produção, tal deve-se à PAC e às suas sucessivas reformas. Sempre apresentadas como a «solução das soluções» para os problemas da agricultura, as reformas da PAC foram ruinosas para a produção nacional, engordando os grandes latifundiários com ajudas sem produzir, deixando os campos ao abandono ou para venda ao capital estrangeiro. Se Portugal tem a maior Zona Económica Exclusiva de todos os países da UE, se teve tradicionalmente um forte sector pesqueiro e se ao longo destes anos na CEE/UE as embarcações foram sendo abatidas e houve milhares de pescadores a abandonar a actividade, tal deve-se às políticas destruidoras da UE e à negligência do interesse nacional pelos sucessivos governos. Não foi seguramente porque os portugueses deixassem de comer sardinha, carapau ou cavala... que continuam a fazer parte da nossa dieta (quando o salário ainda o permite!).
Existem razões de sobra para o descontentamento crescente dos trabalhadores e do nosso povo. Não pode haver ilusões sobre os partidos do vira e torna a virar, com o povo sempre na mesma, ou do canto da sereia do BE. É necessário levar esse descontentamento até ao voto, reforçando aquela que é a única via para o desenvolvimento do País e a melhoria das condições de vida do nosso povo: a construção da alternativa política de esquerda. Temo-lo dito e repetido: o único voto seguro, consequente e verdadeiramente de esquerda, que ninguém se arrepende, é na CDU!


Mais artigos de: Europa

Despedimentos depois do voto

O governo alemão tem um acordo tácito com a indústria para evitar despedimentos até às legislativas de 27 de Setembro, mas depois haverá reduções de postos de trabalho.

<i>Porsche</i> investigada

Wendelin Wiedeking, antigo presidente da administração da Porsche, a célebre marca germânica de automóveis desportivos, e seu director financeiro, Holger Härter, estão sob investigação judicial desde dia 20.

Ingerência da Comissão gera protestos

A delegação irlandesa da Comissão Europeia foi acusada de ingerência na campanha para o referendo sobre o «Tratado de Lisboa», depois de ter publicado, no dia 21, no seu site oficial, uma declaração em ataca os argumentos da associação «Farmers for No».Bruxelas qualifica os pontos de vista desta associação de...

Presidente húngaro indesejado na Eslováquia

A Eslováquia recusou, no dia 21, a entrada no país do Presidente húngaro, Laszlo Solyom, para participar numa cerimónia em Komarno, localidade onde vive uma importante comunidade húngara.Segundo anunciou, em conferência de imprensa, o próprio primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, o Ministério dos Negócios Estrangeiros...

A armadilha de Sarkozy

A supressão da publicidade nos canais públicos de televisão de França provocou um coro de protestos por parte dos profissionais do sector, que denunciaram a medida, defendida pessoalmente pelo presidente Nicolas Sarkozy, como um presente aos operadores privados, em detrimento da viabilidade do serviço público.Para...