A história da rã e do lacrau
Abria uma pessoa os jornais da passada semana e descobria com encanto que os esforços corajosamente defendidos pelo Governo do PS quando proclamou; antes de mais, é necessário salvar as instituições financeiras! – temos de reconhecer que tais esforços, que tanto custaram à sociedade portuguesa – afinal resultaram! E de que maneira!
O Jornal de Notícias bramava em gordas letras que os bancos lucraram 4 milhões de euros POR DIA no primeiro semestre deste ano. Informava-nos também que quatro das maiores instituições privadas ganharam 460 milhões em meio ano. O BES anunciava uma quebra de 6%, mas com lucros de 460 milhões de euros. O BCP, confessando uma subida de apenas 4,5 %, reconhece lucros de 147 milhões, e o BPI uma subida de 880% nos primeiros 6 meses do ano.
Está salva a Banca, garantida a saúde das instituições financeiras! Já só falta salvar o País.
Mas estes números levam-me a certas reflexões.
Quem estará afinal a pagar a crise? Não estará a crise a servir de pretexto para um aperto de torniquete do capital aos direitos e conquistas dos trabalhadores e das populações?
Não há nada de tão útil para um pensamento como reflectir nele. E a quem se rir desta afirmação poderá dizer-se que a actividade humana dependeu sempre essencialmente da reflexão de uma percepção prévia.
Defrontamos hoje o determinismo de uma autonomeada modernidade que segue o caminho errado de falhadas profecias. Arguto e aliciador, o capitalismo faz todas as promessas de ideias caducas, sabendo bem que não as pode cumprir. Mais: na sua avidez de lucro, vai matando a galinha de ovos de ouro, que hoje não se reduz apenas à exploração da força de trabalho, mas ameaça destruir o próprio mundo. É suicidário?
Tal como na lenda em que o lacrau pediu à rã para o ajudar a atravessar o rio. A meio da corrente cravou-lhe no dorso o veneno do seu ferrão, dizendo-lhe enquanto ambos se afogavam: «Que queres? Não posso fugir à minha natureza»...
Que o nosso mundo não se resigne a ser a rã transportando docilmente o lacrau capitalista.
O Jornal de Notícias bramava em gordas letras que os bancos lucraram 4 milhões de euros POR DIA no primeiro semestre deste ano. Informava-nos também que quatro das maiores instituições privadas ganharam 460 milhões em meio ano. O BES anunciava uma quebra de 6%, mas com lucros de 460 milhões de euros. O BCP, confessando uma subida de apenas 4,5 %, reconhece lucros de 147 milhões, e o BPI uma subida de 880% nos primeiros 6 meses do ano.
Está salva a Banca, garantida a saúde das instituições financeiras! Já só falta salvar o País.
Mas estes números levam-me a certas reflexões.
Quem estará afinal a pagar a crise? Não estará a crise a servir de pretexto para um aperto de torniquete do capital aos direitos e conquistas dos trabalhadores e das populações?
Não há nada de tão útil para um pensamento como reflectir nele. E a quem se rir desta afirmação poderá dizer-se que a actividade humana dependeu sempre essencialmente da reflexão de uma percepção prévia.
Defrontamos hoje o determinismo de uma autonomeada modernidade que segue o caminho errado de falhadas profecias. Arguto e aliciador, o capitalismo faz todas as promessas de ideias caducas, sabendo bem que não as pode cumprir. Mais: na sua avidez de lucro, vai matando a galinha de ovos de ouro, que hoje não se reduz apenas à exploração da força de trabalho, mas ameaça destruir o próprio mundo. É suicidário?
Tal como na lenda em que o lacrau pediu à rã para o ajudar a atravessar o rio. A meio da corrente cravou-lhe no dorso o veneno do seu ferrão, dizendo-lhe enquanto ambos se afogavam: «Que queres? Não posso fugir à minha natureza»...
Que o nosso mundo não se resigne a ser a rã transportando docilmente o lacrau capitalista.