Não espanta…
A iniciativa do PCP foi silenciada porque destoa
Enquadrado no ciclo de iniciativas com vista à elaboração do seu programa eleitoral, o PCP realizou na passada semana, em Lisboa, uma audição em torno do tema «Uma política externa de cooperação e de paz, ao serviço do povo e do país. A solidariedade é a nossa força!». A iniciativa, concebida para recolher contributos para o Programa Eleitoral do PCP e apresentar publicamente a reflexão do PCP sobre as relações externas de Portugal e a sua política de defesa, foi completamente silenciada pela comunicação social. Não espanta, é que pelo debate passaram inúmeros exemplos de como a política externa dos sucessivos governos portugueses é uma e mesma visão de classe do relacionamento externo do País.
Não espanta porque para todos aqueles que têm ou tiveram responsabilidades na definição, condução e apoio a essas políticas, seria incómodo serem confrontados publicamente com inúmeros exemplos de como a política externa portuguesa e a política de defesa nacional, têm sido um contínuo exercício de abdicação da soberania nacional, de submissão às estratégias da NATO e de militarização da União Europeia, de não cumprimento das obrigações no âmbito da solidariedade com os povos, de abandono progressivo das comunidades portuguesas e de não aproveitamento das potencialidades que o País tem para desenvolver uma política de relações externas diversificada, progressista e autónoma.
Não espanta porque ali se apresentaram um grande conjunto de propostas de como Portugal se deve posicionar e comportar face a uma crise do capitalismo sem fim à vista, que resulta exactamente das políticas que PS e PSD, com ou sem CDS – alunos exemplares do neoliberalismo, da liberalização do comércio mundial e da livre e desregulada circulação de capitais – têm defendido e executado.
A iniciativa do PCP foi silenciada porque destoa. Destoa dos dogmas que presidem à visão retrógrada e imobilista das políticas que estão no centro da crise do capitalismo e da instabilidade que caracteriza a situação internacional. Destoa, por exemplo, do programa eleitoral do PS para a área da política externa que desenvolve todas as linhas de alinhamento com o mais puro conceito imperialista e neocolonialista. Um programa onde se enaltece a participação de Portugal na guerra e em missões de ingerência e ocupação; onde se jura fidelidade à militarização da União Europeia e à NATO e onde se insiste na ladainha do reforço do «eixo transatlântico». Um programa onde a crise quase não se aborda e onde as «soluções» apresentadas são a exploração dos trabalhadores e a privatização dos serviços públicos (Estratégia de Lisboa); o tratado de Lisboa; a ainda maior liberalização do comércio mundial (Ronda de Doha da OMC) e o mais do que insuficiente protocolo de Quioto. Um programa que no inicio do capítulo dedicado à política externa desenvolve – ao melhor estilo da doutrina Bush – a teoria do inimigo invisível e global, dos Estados falhados, da dita «segurança cooperativa» - leia-se forças armadas portuguesas ao serviço da NATO, da UE e das grandes potências - e da tão matraqueada teoria da «projecção de segurança no plano externo» – leia-se ingerência, ocupação e guerra.
Não espanta que assim seja. O entusiasmo do PS com a cimeira da NATO de 2010 é sintomático da sua concepção de política externa. A mesma NATO que tem agora como Secretário Geral, Anders Rasmussen, ex-Primeiro Ministro dinamarquês, fiel seguidor de Bush e defensor acérrimo da guerra do Iraque, paladino das caricaturas de Maomé em 2005 e o político que pôs fim à tradição pacifista da Dinamarca e envolveu o País na guerra do Afeganistão. Não espanta portanto que o PS e outros não queiram sequer ouvir falar de soberania, paz, cooperação e solidariedade. Pudera!
Não espanta porque para todos aqueles que têm ou tiveram responsabilidades na definição, condução e apoio a essas políticas, seria incómodo serem confrontados publicamente com inúmeros exemplos de como a política externa portuguesa e a política de defesa nacional, têm sido um contínuo exercício de abdicação da soberania nacional, de submissão às estratégias da NATO e de militarização da União Europeia, de não cumprimento das obrigações no âmbito da solidariedade com os povos, de abandono progressivo das comunidades portuguesas e de não aproveitamento das potencialidades que o País tem para desenvolver uma política de relações externas diversificada, progressista e autónoma.
Não espanta porque ali se apresentaram um grande conjunto de propostas de como Portugal se deve posicionar e comportar face a uma crise do capitalismo sem fim à vista, que resulta exactamente das políticas que PS e PSD, com ou sem CDS – alunos exemplares do neoliberalismo, da liberalização do comércio mundial e da livre e desregulada circulação de capitais – têm defendido e executado.
A iniciativa do PCP foi silenciada porque destoa. Destoa dos dogmas que presidem à visão retrógrada e imobilista das políticas que estão no centro da crise do capitalismo e da instabilidade que caracteriza a situação internacional. Destoa, por exemplo, do programa eleitoral do PS para a área da política externa que desenvolve todas as linhas de alinhamento com o mais puro conceito imperialista e neocolonialista. Um programa onde se enaltece a participação de Portugal na guerra e em missões de ingerência e ocupação; onde se jura fidelidade à militarização da União Europeia e à NATO e onde se insiste na ladainha do reforço do «eixo transatlântico». Um programa onde a crise quase não se aborda e onde as «soluções» apresentadas são a exploração dos trabalhadores e a privatização dos serviços públicos (Estratégia de Lisboa); o tratado de Lisboa; a ainda maior liberalização do comércio mundial (Ronda de Doha da OMC) e o mais do que insuficiente protocolo de Quioto. Um programa que no inicio do capítulo dedicado à política externa desenvolve – ao melhor estilo da doutrina Bush – a teoria do inimigo invisível e global, dos Estados falhados, da dita «segurança cooperativa» - leia-se forças armadas portuguesas ao serviço da NATO, da UE e das grandes potências - e da tão matraqueada teoria da «projecção de segurança no plano externo» – leia-se ingerência, ocupação e guerra.
Não espanta que assim seja. O entusiasmo do PS com a cimeira da NATO de 2010 é sintomático da sua concepção de política externa. A mesma NATO que tem agora como Secretário Geral, Anders Rasmussen, ex-Primeiro Ministro dinamarquês, fiel seguidor de Bush e defensor acérrimo da guerra do Iraque, paladino das caricaturas de Maomé em 2005 e o político que pôs fim à tradição pacifista da Dinamarca e envolveu o País na guerra do Afeganistão. Não espanta portanto que o PS e outros não queiram sequer ouvir falar de soberania, paz, cooperação e solidariedade. Pudera!