Contra o golpe nas Honduras

Conselho Mundial da Paz apela à solidariedade

O golpe de Estado nas Honduras orquestrado pelos sectores reaccionários aliados ao imperialismo norte-americano é uma resposta às mudanças políticas levadas a cabo pelo presidente Manuel Zelaya, expressa o Conselho Mundial da Paz. O CMP apela ainda à solidariedade para com o povo em luta.

É evidente a relação dos golpistas com os EUA

Em comunicado divulgado no final do mês de Julho, o CMP nota que a realização de um referendo popular sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte foi o mote para que a direita mais conservadora reagisse contra o presidente democraticamente eleito. «A reacção da oligarquia hondurenha é igualmente fruto da aproximação do governo do presidente Zelaya aos governos progressistas da América Latina e do ingresso de Honduras na Aliança Bolivariana para as Américas – ALBA e do consequente distanciamento dos EUA, diminuindo ainda mais a influencia norte-americana na região», considera o CMP no texto divulgado pelo vermelho
«A cada novo facto tornam-se mais evidentes as marcas do imperialismo norte-americano no golpe perpetrado nas Honduras. O envolvimento da burguesia hondurenha com os sectores mais conservadores dos EUA vem já de longa data. Na década de 80, um dos períodos mais sangrentos da historia da América Central, as Honduras foram a principal base de apoio para as operações de guerra suja contra a revolução sandinista [na Nicarágua] e noutros países da região, orquestradas pelos falcões John Negroponte e Otto Reich, que eliminaram milhares vidas na região», lembra o Conselho da Paz. «As Honduras foram igualmente durante muitos anos a base do maior terrorista das Américas, Posadas Carriles. Carriles orquestrou a partir das Honduras vários atentados contra Cuba e prestou os seus serviços à guerra suja na região», acresce.

Laços indesmentíveis

O CMP sublinha também que «os sócios hondurenhos de John Negroponte, Otto Reich e Posadas Carriles estão envolvidos no golpe militar, sendo que alguns dos principais generais golpistas foram alunos exemplares da nefasta Escola das Américas, centro de excelência na prática de golpes militares e técnicas de tortura dos EUA para a América Latina».
«É evidente a influência de sectores ultra-reacionarios incrustados no aparelho do Estado norte-americano, como militares e sectores da inteligência dos EUA no golpe. Nas Honduras também funciona a base militar dos EUA de Soto Cano, localizada em Palmerola, a 97 km de Tegulcigalpa, uma moderna estrutura que comporta condições de operação de aviões C-5, os maiores dos EUA, além de ser a sede da «Força de Tarefa Conjunta Bravo», subordinada ao Comando Sul, com sede em Miami. O presidente Manuel Zelaya vinha afirmando que iria romper o tratado que permitia aos Estados Unidos utilizar o solo hondurenho para as suas aventuras bélicas. Não há a menor dúvida de que esta posição soberana incomodou e os falcões do imperialismo», aduz.

Solidariedade activa

«As últimas semanas têm sido de intensa resistência popular. Milhares de pessoas enfrentam diariamente o recolher obrigatório e as perseguições para garantir a partir da mobilização popular o regresso do presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya», diz o texto publicado pelo sítio Internet do Partido Comunista do Brasil.
«Em face de tais acontecimentos» continua, a reunião regional das Américas do Conselho Mundial da Paz condena «energicamente o golpe de Estado nas Honduras; afirma «o nosso apoio e solidariedade ao povo hondurenho, que mesmo sob toque de recolher e intensa repressão, tem mantido a resistência nas ruas exigindo o retorno do presidente constitucional; defende «o imediato regresso do presidente Manuela Zelaya às suas funções»; denuncia «a estratégia dos golpistas em prolongar as negociações com o intuito de garantir legitimidade»; e exige dos «governos da região o não reconhecimento do governo golpista» e, simultaneamente, que «suspendam as relações bilaterais com as Honduras até a normalização da situação».
O CMP exige ainda «o encerramento imediato da base militar de Soto Cano, que indirectamente deu suporte à acção dos golpistas, além da suspensão dos programas financeiros de cooperação militar».
«Defender a democracia hoje em Honduras é defender as transformações políticas que vem acontecendo na América Latina», conclui o Conselho antes de exortar a «toda a solidariedade para com o povo hondurenho».


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