Zelaya mantém-se na fronteira com a Nicarágua

Militares impedem povo de acolher presidente

Os hondurenhos são impedidos pelos militares golpistas de se juntarem a Manuel Zelaya na fronteira entre as Honduras e a Nicarágua. Em Las Manos, o presidente reitera que acabou o tempo das negociações e exige o fim da repressão.

O tempo das negociações acabou, diz Zelaya

Na província de El Paraíso, o estado de sítio decretado pelo governo fascista que assaltou o poder há mais de um mês está a provocar uma tragédia humanitária entre os populares que procuram juntar-se a Manuel Zelaya na fronteira das Honduras com a Nicarágua.
A região encontra-se fortemente militarizada e as barreiras policiais impedem não apenas o movimento de pessoas mas, numa atitude de punição colectiva contra os que ousaram engrossar a torrente de apoio ao presidente democraticamente eleito, obstaculizam também a chegada de mantimentos e medicamentos, recolhidos numa campanha promovida pela Radio Globo, um dos raros meios de comunicação social, juntamente com a Telesur, que nas Honduras rompem o cerco informativo montado por Roberto Micheletti.
Entretanto, em Las Manos, Zelaya criticou Hillary Clinton por ter deixado de falar em golpe de Estado e por abrandar a condenação dos golpistas, sobretudo quando a repressão se abate sobre os protestos populares com perseguições, assassinatos e prisões ilegais.
A secretária de Estado instou o presidente hondurenho a abandonar a fronteira e qualificou a breve entrada de Zelaya no território do seu país como «imprudente», qualificativo usado igualmente pela UE. Mas o chefe de Estado não cede e rejeita não apenas as pressões das potências imperialistas atlânticas mas também os apelos do presidente da Organização de Estados Americanos, José Miguel Insulza, e do «mediador» e presidente da Costa Rica, Oscar Arias, para um regresso às negociações.
O tempo de negociar terminou, considera Zelaya, que compreende que o arrastar da situação só beneficia os golpistas, e exige o fim da repressão.
Segundo a Telesur, as vagas repressivas já fizeram seis mortos, Isis Mencias, de 19 anos; Gabriel Noriega, jornalista; Vicky Castillo, Ramón Garcia e Roger Bados, dirigentes políticos e sindical, respectivamente; e Pedro Munõz, jovem operário encontrado sábado junto às instalações de um antigo campo de tortura da ditadura hondurenha. Munõz apresentava sinais de tortura: dedos fracturados e 42 feridas e hematomas, conta o vermelho.org.br.

Verdade silenciada

Apesar de interna e externamente a maioria dos média silenciarem e deturparem o que se passa nas Honduras, nem a secção para a liberdade de imprensa da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) esconde o repúdio pela campanha montada pelos golpistas, falando em «formas permanentes de exclusão e censura». «Há encerramentos de órgãos de informação e jornalistas intimidados e outros expulsos, a situação é extremamente preocupante», diz a entidade.
Ainda no domingo, uma missão insuspeita de 15 «peritos» em Direitos Humanos denunciou, em conferência de imprensa realizada num hotel da capital, Tegucigalpa, a violação dos direitos humanos nas Honduras. Um grupo de militares e civis armados irrompeu na sala atemorizando os presentes, mas não conseguiu que os membros da missão deixassem de relatar «número significativo de execuções ilegais, de centenas de detenções arbitrárias, de múltiplas ameaças, de uma redução da liberdade de expressão e de informação».
Com efeito, o caso do Canal 5 elucida a situação. As colunas de militares deslocadas para reprimir greves e manifestações são, para a televisão controlada pelos golpistas, acções para «assegurar a segurança de todos os hondurenhos». Micheletti aparece a distribuir cheques aos funcionários públicos e aos polícias. As marchas pró-golpe são transmitidas em directo e Zelaya aparece em montagens onde se comparam as suas declarações com as de Chavez.
Com esta campanha se percebem melhor as palavras do porta-voz do departamento de Estado, Phillip Crowley, quando, no dia 20, numa conferência de imprensa em Washington, respondendo a uma pergunta sobre se considerava o sucedido nas Honduras um golpe de Estado respondeu que «não» e acrescentou que «se tivéssemos que eleger um modelo de governo e um líder na região para que os demais países seguissem, a actual liderança da Venezuela não seria o modelo indicado. Se esta é a lição que o presidente Zelaya aprendeu com esse episódio, então terá sido uma boa lição».


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