China

Pequim repudia acusações de «genocídio»

O governo chinês rejeitou as acusações de «genocídio» lançadas pela Turquia relativas ao conflito em Xinjiang, os quais, considera Pequim, têm como objectivo minar a unidade étnica do país onde convivem mais de 50 comunidades diferentes.
«Esperamos que os países muçulmanos envolvidos e os [fiéis] muçulmanos possam reconhecer a verdadeira natureza dos acontecimentos de 5 de Julho em Urumqi», disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, citado pela Lusa.
Qin Gang defendeu ainda que os confrontos registados na capital e maior cidade da região de Xinjiang, dos quais resultaram a morte de 184 pessoas e outras 1600 feridas, «foram orquestrados por três forças - terrorismo, extremismo e separatismo - no interior e fora da China».
O responsável respondeu assim às declarações do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que qualificou, sexta-feira da semana passada, os acontecimentos como «um tipo de genocídio» contra os uigures.
«Não há nada a que se possa chamar um genocídio étnico», disse ainda o porta-voz chinês, que lembrou que «em 1949, os uigures eram 3,29 milhões, actualmente são quase 10 milhões, ou seja três vezes mais que há 60 anos. Como é que se fala de genocídio étnico?», perguntou.

Fa­bri­cando um ini­migo

Os acontecimentos em Xinjiang têm sido apresentados nos meios de comunicação social dominantes como um massacre perpetrado pelas autoridades chinesas contra uma minoria local. Não deixa de ser curioso que seja o líder turco – cujo país sufoca e massacra a comunidade curda e reprime violentamente todos os militantes ou simpatizantes de forças políticas e sindicais progressistas – a apontar o dedo à China. Sintomática é ainda a atenção dada à chamada «dissidência uigere» e a amplificação dos protestos no «mundo muçulmano», adoptando uma postura bem diferente da utilizada quando se trata de manifestações de repúdio, bem mais consistentes, periódicas e maciças, a respeito dos massacres contra os povos do Afeganistão ou do Iraque.
Ainda recentemente o membro do Comité Permanente do Po­lit­bu­reau do Partido Comunista Chinês enviado para serenar os ânimos em Xinjiang, Zhou Yongkang, sublinhou que dos 184 mortos nos confrontos, 137 são de etnia han. Acresce que os uigeres representam actualmente 45 por cento dos 21,5 milhões de habitantes de Xinjiang, enquanto que os han são cerca de 40 por cento.
Os uigeres, de ascendência turcomana, integraram-se durante a revolução chinesa na nova República Popular. Antes, a região 18 vezes maior que Portugal, rica em hidrocarbonetos, metais preciosos e outros minérios, chegou a ser conhecida como Turquestão Oriental. O território faz fronteira com o Afeganistão, Paquistão Quirguistão, Tadjiquistão e Casaquistão, três antigas repúblicas socialistas soviéticas alvo da gula imperialista de controlo dos recursos naturais da Ásia Central.


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