Exterminadores
Arnold Schwarzenegger, o cabotino Exterminador Implacável de Hollywood, é desde 2003 o governador republicano da Califórnia, onde começou por vender o património estatal a rodos, para aliviar o défice crónico deste estado dos EUA.
Hoje, não há património que valha às depauperadas finanças da Califórnia e o governador Arnold não esteve com meias medidas: avisando o eleitorado de que o estado californiano corre o risco de não ter liquidez suficiente, propôs duas «medidas de rigor orçamental»: o despedimento imediato de cinco mil funcionários públicos e a redução das despesas da Educação em cinco mil milhões de dólares (3500 milhões de euros). As consequências directas destes cortes foram igualmente previstas e anunciadas por Schwarzenegger: na Educação, o ano escolar será encurtado em sete dias e o corte no funcionalismo será aliviado com a comutação das penas de 38 mil presidiários «considerados não violentos».
Portanto, na visão deste «governador implacável», as despesas da administração da Califórnia podem conter-se reduzindo a escolaridade oficial e libertando os criminosos «não violentos». O facto de haver uma relação directa entre o aumento da criminalidade e a proliferação da iliteracia (conhecido corolário da miséria socio-económica), não incomoda o fogoso Arnold.
Convém recordar que a Califórnia tem uma população de 37 milhões (12% do todo nacional), contribui com 14% do PIB (1/7 do total) e possui algumas das «jóias da coroa» dos EUA, nomeadamente um quarto da produção de armamentos e de computadores, o poderoso complexo tecnológico de Silicon Valey, os estúdios de Hollywood e importantes indústrias do complexo militar-industrial e aeroespacial, contribuindo ainda com um quinto do total das despesas de investigação e desenvolvimento do país. Isto sem falar da sua gigantesca produção agrícola, de petróleo e de minerais.
O certo é que tão descomunal acumulação de riqueza desembocou em crónicos défices das administrações do estado, fruto directo da apropriação desenfreada e privada dos imensos recursos e produções. A recente resposta de Schwarzenegger foi elucidativa: «Com o actual défice, não faz qualquer sentido falar de educação, de infraestruturas, de água ou de reforma do sistema de Saúde».
Mas a situação nos EUA não é diferente da da Califórnia: em Março passado, o défice federal apresentou receitas de 129 mil milhões de dólares para uma despesa de 321 mil milhões, enquanto no exercício fiscal em curso o défice federal já atingiu os 957 mil milhões de dólares, que é mais do dobro do défice do ano fiscal precedente.
Isto apesar de, desde o início deste ano de 2009, pelo menos 14 estados federais (incluindo a Califórnia) já terem cortado severamente nas despesas sociais e aumentado os impostos, sobretudo sobre os trabalhadores e poupando as empresas que, mesmo assim, continuam a encerrar e a despedir em massa, enquanto o consumo e a procura continuam, naturalmente, a cair a pique.
Obviamente, o que não passa pela cabeça de todos estes Schwarzeneggers é fazer o indispensável e tornar a redistribuição da riqueza mais equitativa. O sacrossanto lucro privado não pode parar de crescer, nem que para isso se tenha de liquidar o que restar das funções sociais do Estado.
Ora, Estado que perca a sua função social, fica com o destino traçado: será substituído por outro, que recupere essa vocação fundamental. É da História. E não haverá «Exterminadores» que lhes valham...
Hoje, não há património que valha às depauperadas finanças da Califórnia e o governador Arnold não esteve com meias medidas: avisando o eleitorado de que o estado californiano corre o risco de não ter liquidez suficiente, propôs duas «medidas de rigor orçamental»: o despedimento imediato de cinco mil funcionários públicos e a redução das despesas da Educação em cinco mil milhões de dólares (3500 milhões de euros). As consequências directas destes cortes foram igualmente previstas e anunciadas por Schwarzenegger: na Educação, o ano escolar será encurtado em sete dias e o corte no funcionalismo será aliviado com a comutação das penas de 38 mil presidiários «considerados não violentos».
Portanto, na visão deste «governador implacável», as despesas da administração da Califórnia podem conter-se reduzindo a escolaridade oficial e libertando os criminosos «não violentos». O facto de haver uma relação directa entre o aumento da criminalidade e a proliferação da iliteracia (conhecido corolário da miséria socio-económica), não incomoda o fogoso Arnold.
Convém recordar que a Califórnia tem uma população de 37 milhões (12% do todo nacional), contribui com 14% do PIB (1/7 do total) e possui algumas das «jóias da coroa» dos EUA, nomeadamente um quarto da produção de armamentos e de computadores, o poderoso complexo tecnológico de Silicon Valey, os estúdios de Hollywood e importantes indústrias do complexo militar-industrial e aeroespacial, contribuindo ainda com um quinto do total das despesas de investigação e desenvolvimento do país. Isto sem falar da sua gigantesca produção agrícola, de petróleo e de minerais.
O certo é que tão descomunal acumulação de riqueza desembocou em crónicos défices das administrações do estado, fruto directo da apropriação desenfreada e privada dos imensos recursos e produções. A recente resposta de Schwarzenegger foi elucidativa: «Com o actual défice, não faz qualquer sentido falar de educação, de infraestruturas, de água ou de reforma do sistema de Saúde».
Mas a situação nos EUA não é diferente da da Califórnia: em Março passado, o défice federal apresentou receitas de 129 mil milhões de dólares para uma despesa de 321 mil milhões, enquanto no exercício fiscal em curso o défice federal já atingiu os 957 mil milhões de dólares, que é mais do dobro do défice do ano fiscal precedente.
Isto apesar de, desde o início deste ano de 2009, pelo menos 14 estados federais (incluindo a Califórnia) já terem cortado severamente nas despesas sociais e aumentado os impostos, sobretudo sobre os trabalhadores e poupando as empresas que, mesmo assim, continuam a encerrar e a despedir em massa, enquanto o consumo e a procura continuam, naturalmente, a cair a pique.
Obviamente, o que não passa pela cabeça de todos estes Schwarzeneggers é fazer o indispensável e tornar a redistribuição da riqueza mais equitativa. O sacrossanto lucro privado não pode parar de crescer, nem que para isso se tenha de liquidar o que restar das funções sociais do Estado.
Ora, Estado que perca a sua função social, fica com o destino traçado: será substituído por outro, que recupere essa vocação fundamental. É da História. E não haverá «Exterminadores» que lhes valham...