Percebe-se

José Casanova
Os média dominantes - propriedade do grande capital - deliraram com o resultado eleitoral do BE. Igual delírio se apossou dos comentadores, analistas e politólogos que, com lugar cativo nesses média, ali exercem a profissão de propagandistas da política de direita.
Percebe-se: sentiram como obra sua a subida eleitoral daquele partido; viram compensados os esforços que, nesse sentido, têm vindo a desenvolver desde há dez anos; verificaram que a intensa intervenção propagandística em favor do BE que levaram a cabo na campanha eleitoral, tinha resultado.
Esses mesmos média e esses mesmos propagandistas – todos ao serviço da política de direita que tão bem serve os interesses do grande capital - ficaram visivelmente desagradados com o resultado obtido pela CDU.
Percebe-se: depois de anos e anos de ataques desenfreados ao PCP; depois de múltiplas proclamações decretando o seu declínio irreversível; depois de sucessivas certidões de óbito autenticando a sua morte e funeral; depois de, na última campanha eleitoral, terem atingido o grau extremo da abjecção no tratamento da CDU; depois de tudo isso, eis que a notável subida eleitoral da CDU, com o espantoso aumento de 70 mil votos, faz em cacos todo o seu incansável trabalho propagandístico e remete-os à fúnebre condição de cangalheiros frustrados, de melancólicos gatos-pingados sem tarefa no horizonte.
Destas duas realidades incontestáveis – o delírio deles com o resultado do BE e a raiva deles com o resultado da CDU – emergem, incontornáveis, duas perguntas: porquê esta simpatia, este carinho, este apoio ao BE, por parte dos média do grande capital e dos seus propagandistas da política de direita?; e: porquê este ódio, esta raiva, este ataque cerrado e sistemático ao PCP e à CDU, por parte desses mesmos média e desses mesmos propagandistas?
As respostas a tais perguntas são óbvias – e conduzem-nos à inevitável conclusão de que os votos obtidos pela CDU são os únicos que, de facto, vêm dar mais força à luta contra a política de direita e por uma política de esquerda.
E é isso que, afinal e em síntese, explica a raiva deles face ao resultado da CDU – e o regozijo deles face ao resultado do BE.


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