As palavras e os actos
O povo palestiniano tem direito a um Estado que respeite a sua dignidade
O presidente dos Estados Unidos proferiu no Cairo mais um discurso muito difundido pelos média e apresentado como destinado ao mundo árabe. E se é verdade que Obama abandona alguns aspectos do estilo caceteiro de George Bush, mantêm-se os principais argumentos com que Washington tem pretendido justificar a sua política imperial desde os tempos da guerra-fria. Fazendo tábua rasa de décadas e décadas de agressões e ingerências na vida interna dos povos, Obama tem a leviandade de considerar que o imperialismo norte-americano não passa de um «grosseiro cliché». Provavelmente imagina que as inúmeras bases militares que o Pentágono mantém espalhadas pelo mundo são uma espécie de «caritas» da «democracia» e não têm nada a ver com a defesa dos «interesses próprios» da «Wall Street» e dos monopólios norte-americanos.
O presidente justifica o prosseguimento da chamada «guerra contra o terrorismo» com «a morte de homens, mulheres e crianças inocentes» no 11 de Setembro de 2001 e a necessidade «de proteger o povo americano». Mas não diz uma palavra sobre os numerosos massacres perpetrados pelo Pentágono, tendo o mais recente vitimado em Maio 140 civis afegãos entre os quais 90 crianças. Sobre a criminosa agressão contra o Iraque limita-se a explicar que se tratou de uma «escolha» que dividiu o país, não revelando porque é que os responsáveis pelo mais gritante crime de guerra e desrespeito pelas normas do direito internacional das últimas décadas não são trazidos diante da justiça. O presidente também não justificou a razão por que o aparelho militar e os serviços secretos norte-americanos que aterrorizam, destroem e lançam no caos estados inteiros, gozam de total impunidade.
Ao abordar a questão do desarmamento nuclear esperar-se-ia que o dirigente da maior potência atómica do mundo desse o exemplo e anunciasse a redução dos seus arsenais nucleares. No entanto, Obama foi desta vez mais comedido ao referir-se ao Irão, estado que detêm uma capacidade militar ínfima em relação à dos Estados Unidos. Ao abordar a questão da «democracia», também seria natural aproveitar o momento para pedir desculpa pelo o apoio que os Estados Unidos têm prestado às oligarquias feudais do Médio Oriente, da Arábia Saudita, ao Kuwait e aos Emiratos. Tenhamos presente que aqueles regimes feudais, parceiros privilegiados das companhias petrolíferas norte-americanas, continuam a ser protegidos por milhares de soldados estrangeiros ali estacionados. E não esqueçamos que foi o general do Pentágono, Schwarzkopf, quem organizou e instruiu na prática da tortura a Sawak, a terrível polícia política do Xá da Pérsia. Mas, também aqui nada de novo.
Obama diz apoiar a existência de dois estados na Palestina, mas continua a omitir o mais importante, isto é, que Israel terá de retirar-se dos territórios palestinianos ocupados para as fronteiras anteriores a 1967 e que a capital da Palestina só poderá ser Jerusalém. Criar formalmente um Estado palestiniano reduzido a uns quilómetros de calhaus e areia não é solução. O povo palestiniano tem direito a um Estado que respeite a sua dignidade. É por isso que a luta dos povos terá de continuar. Enquanto se mantiver o sistema de exploração e domínio imperialista mundial, os dirigentes dos EUA continuarão a mudar de retórica segundo as necessidades do momento, mesmo que não haja qualquer correspondência entre as palavras e os actos.
O presidente justifica o prosseguimento da chamada «guerra contra o terrorismo» com «a morte de homens, mulheres e crianças inocentes» no 11 de Setembro de 2001 e a necessidade «de proteger o povo americano». Mas não diz uma palavra sobre os numerosos massacres perpetrados pelo Pentágono, tendo o mais recente vitimado em Maio 140 civis afegãos entre os quais 90 crianças. Sobre a criminosa agressão contra o Iraque limita-se a explicar que se tratou de uma «escolha» que dividiu o país, não revelando porque é que os responsáveis pelo mais gritante crime de guerra e desrespeito pelas normas do direito internacional das últimas décadas não são trazidos diante da justiça. O presidente também não justificou a razão por que o aparelho militar e os serviços secretos norte-americanos que aterrorizam, destroem e lançam no caos estados inteiros, gozam de total impunidade.
Ao abordar a questão do desarmamento nuclear esperar-se-ia que o dirigente da maior potência atómica do mundo desse o exemplo e anunciasse a redução dos seus arsenais nucleares. No entanto, Obama foi desta vez mais comedido ao referir-se ao Irão, estado que detêm uma capacidade militar ínfima em relação à dos Estados Unidos. Ao abordar a questão da «democracia», também seria natural aproveitar o momento para pedir desculpa pelo o apoio que os Estados Unidos têm prestado às oligarquias feudais do Médio Oriente, da Arábia Saudita, ao Kuwait e aos Emiratos. Tenhamos presente que aqueles regimes feudais, parceiros privilegiados das companhias petrolíferas norte-americanas, continuam a ser protegidos por milhares de soldados estrangeiros ali estacionados. E não esqueçamos que foi o general do Pentágono, Schwarzkopf, quem organizou e instruiu na prática da tortura a Sawak, a terrível polícia política do Xá da Pérsia. Mas, também aqui nada de novo.
Obama diz apoiar a existência de dois estados na Palestina, mas continua a omitir o mais importante, isto é, que Israel terá de retirar-se dos territórios palestinianos ocupados para as fronteiras anteriores a 1967 e que a capital da Palestina só poderá ser Jerusalém. Criar formalmente um Estado palestiniano reduzido a uns quilómetros de calhaus e areia não é solução. O povo palestiniano tem direito a um Estado que respeite a sua dignidade. É por isso que a luta dos povos terá de continuar. Enquanto se mantiver o sistema de exploração e domínio imperialista mundial, os dirigentes dos EUA continuarão a mudar de retórica segundo as necessidades do momento, mesmo que não haja qualquer correspondência entre as palavras e os actos.