CDU – Uma força a crescer

Vladimiro Vale (Membro da Comissão Política)
O resultado da CDU nas eleições europeias – mais 70 mil votos – não pode deixar de ser visto como um factor de reforço da luta dos trabalhadores e do povo português. Resultado que constitui um claro cartão vermelho ao rumo e à política que o Governo PS escolheu seguir.

O voto na CDU é o voto que os poderes político e económico mais temem

O Governo PS pensava que uma maioria absoluta lhe garantia a legitimidade para atacar direitos dos trabalhadores, para destruir as funções sociais do estado, para alienar componentes da soberania nacional, para entregar sectores estratégicos da economia nacional ao capital estrangeiro, para não consultar o povo sobre questões fundamentais da integração europeia. Assim como pensava que uma campanha suportada com meios imensos e a distribuição de apoios de última hora conseguiriam esconder o autismo, a arrogância e as suas políticas anti-sociais.
O Governo PS encontrou, no entanto, nas empresas e nas ruas a contestação dos trabalhadores e das populações e encontrou uma verdadeira força de oposição, não só em palavras mas também na acção, à sua política de direita – a CDU – que confirmou, neste processo eleitoral, a tendência de crescimento dos últimos actos eleitorais, obtendo o melhor resultado dos últimos 20 anos.

CDU, a força que o poder mais teme
Uma campanha de massas


O decurso da campanha eleitoral confirmou que o voto na CDU é o voto que os poderes político e económico mais temem e têm muitas e boas razões para temer, um resultado construído na rua numa campanha que só uma força como CDU conseguiria fazer e que traduz a luta, protesto e indignação que caracterizaram os últimos anos. Têm muitas e boas razões para temer uma força que propõe a ruptura com a política de direita que lhes garante a manutenção das benesses.
Ao estímulo do cenário de bipolarização, tentando esconder a coincidência de políticas entre PSD e PS, a CDU respondeu com uma campanha de esclarecimento onde discutiu ideias onde apresentou propostas e confirmou ser a única força que propõe uma ruptura e alternativa a uma integração europeia com orientações neoliberais, federalistas e militaristas.
Ao silenciamento, caricatura e deturpação da sua mensagem, a CDU respondeu com uma campanha ligada à vida aos problemas, uma verdadeira campanha de massas, só possível pela mobilização, responsabilização e envolvimento de milhares de activistas que, voto a voto, empresa a empresa, rua a rua, levaram a confiança de que sim, é possível um país mais desenvolvido e soberano.
Ao condicionamento e manipulação das sondagens que eleição após eleição anunciam o seu definhamento, a CDU respondeu com a Marcha «Protesto, confiança e luta» a 23 de Maio, a maior iniciativa promovida por uma força política nas ruas de Lisboa.

Continuar a Luta
Romper com a política de direita


É preciso agora consolidar e ampliar o reforço do PCP e da CDU, como forma de dar esperança e confiança a todos os que aspiram a uma mudança de política e um novo rumo para o País. O reforço e a afirmação da CDU como espaço de convergência de muitos homens, mulheres e jovens permitirá combater a maioria absoluta e prosseguir a luta.
É preciso agora reforçar estes traços que fazem da CDU uma força única e indispensável, o conhecimento dos problemas, a ligação aos trabalhadores e às pessoas e o trabalho dos nossos eleitos, continuando a campanha dirigida aos trabalhadores, reformados, jovens, mulheres e camadas mais afectadas pelas políticas de direita, promovendo esclarecimento, mobilização e a luta.
Outros integraram a palavra ruptura nos seus discursos eleitorais, mas a CDU é a única força com uma proposta clara de ruptura com a política de direita e de uma verdadeira política alternativa e de esquerda.


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