Com uma imensa alegria

Manuel Gouveia
Domingo, dia 7, vou votar na CDU. Esta afirmação, escrita nas páginas do Avante!, não provocará nenhuma surpresa. Mas escrevo-o: porque quero e posso, porque me orgulho de o fazer, porque me alegro quando o faço.
E vou, porque vamos. Este imenso colectivo partidário de homens e mulheres que todos os dias marcha em Portugal, que resiste e organiza a resistência, que acredita e transmite confiança, que é o presente e o futuro de Abril.
Nós que sabemos que as eleições são brutalmente condicionadas pela classes dominantes, nós que sabemos que elas estão ainda tão longe de representarem a possibilidade real da livre expressão das aspirações e anseios do nosso povo, nós vamos votar CDU, e fazemo-lo com essa imensa alegria com que o Pires Jorge nos ensinava a estar na luta.
Desde logo, esta imensa alegria de estarmos juntos e juntos lutarmos. Porque vamos TODOS votar CDU, e porque connosco vão votar CDU tantos que connosco se cruzaram nestes anos de luta e resistência, que connosco partilham anseios, aspirações, ideais, que são parte maior do projecto revolucionário que temos para Portugal.
Porque sabemos que o voto é um direito que conquistámos, que arrancámos à burguesia na luta, de Petrogrado ao Largo do Carmo, sem esquecer Peniche, Baleizão, Stalingrado, Santiago do Chile, os cartistas e os communards, e tantos que estão na nossa memória, que nos ensina que os direitos têm um passado e um futuro, e que exercê-los é lutar.
A alegria com que votamos espelha ainda o facto de não estarmos reféns do conjuntural. Não embandeiramos em arco com bons resultados eleitorais, nem entramos em depressão com maus. Trabalhamos pelo melhor resultado possível, conscientes da importância para os trabalhadores e o nosso povo do reforço eleitoral da CDU.
E no dia 8 lá estaremos, nas barricadas em que os comunistas transformam a sua presença em cada empresa, em cada bairro, em cada organização, em cada instituição. Com a força dos nossos ideais e convicções reforçada por cada voto na CDU. Na luta até à inevitável vitória final do trabalho sobre o capital. Com uma imensa alegria.


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