Provocação israelita em véspera de eleições

Hezbollah favorito nas legislativas libanesas

O Hezbollah pode vencer as legislativas no Líbano, marcadas para 7 de Junho. Em caso de vitória, o partido promete formar um governo de unidade nacional.

«Israel subiu o tom das ameaças contra o Irão e contra o Hezbollah»

A preferência pelo Hezbollah, apontada por algumas sondagens, surge numa altura em que o país está mais uma vez sob ameaça de uma eventual invasão militar por parte de Israel. A eventualidade de nova agressão entrou na ordem do dia após a descoberta de uma série de casos de espionagem a favor de Telavive, o que fez com que exército libanês entrasse em estado de alerta. Os receios acentuaram-se com o facto de Israel ter iniciado, a 31 de Maio, as maiores manobras militares dos últimos tempos, envolvendo as Forças Armadas e os efectivos da defesa civil.
A possibilidade de uma vitória eleitoral do Hezbollah é vista com naturalidade pelos mais diversos observadores, até porque devido às especificidades do sistema político libanês os diferentes partidos estão «condenados» a entender-se. Recorda-se que no Líbano coexistem 18 comunidades religiosas, sendo que o sistema atribui a Presidência a um cristão maronita, a chefia do Governo a um muçulmano sunita e presidência do Parlamento a um muçulmano xiita.
Quanto ao Parlamento, conta com 128 lugares, 64 dos quais são atribuídos a deputados cristãos e 64 a muçulmanos.
Bem mais preocupante para os eleitores são as operações militares israelitas na fronteira libanesa e a descoberta de várias redes de espionagem ligadas a Israel.
No passado sábado, 30, o procurador militar Saqr Saqr acusou formalmente mais quatro homens de fornecer a Israel informações sobre posições militares e civis, assim como sobre personalidades políticas, elevando para 23 o número de suspeitos de espionagem incriminados nos últimos meses. Segundo informações divulgadas no site da TV Al Jazira entre os detidos conta-se um coronel do exército libanês.
Entretanto, de acordo com a agência noticiosa estatal libanesa, o general Jean Kahwaji, comandante do exército libanês, prometeu no sábado, numa mensagem aos militares, que a operação contra os espiões pró-israelitas vai continuar.
O Líbano tem ainda bem presente a última invasão israelita, em 2006, altura em que a defesa do país assentou quase exclusivamente no Hezbollah. Apesar da brutal destruição e do elevado número de mortes e feridos, Israel foi forçado a retirar-se após 34 dias de guerra. Espiar ou colaborar a favor de Israel é considerado crime de Estado, punível com pena de morte.

Manobras militares são uma ameaça

As manobras militares israelitas iniciadas a 31 de Maio e com a duração prevista de cinco dias, não poderiam deixar de ser vistas, neste contexto, como uma provocação e uma séria ameaça. O exercício militar, designado «Momento Crucial III», mobilizou soldados, civis e esquadras de emergência, assumindo proporções fora do comum. Segundo porta-vozes militares, citados pela Prensa Latina, os exercícios incluem novas medidas de protecção de toda a população, chamada a reagir e a deslocar-se para abrigos improvisados ao som de sirenes.
Aos membros do governo, o primeiro-ministro Benjamín Netanyahu disse que os exercícios são «um procedimento de rotina», não sendo dirigidos contra nenhuma entidade regional em particular. Mas a verdade é que depois da mais recente e devastadora agressão à Faixa de Gaza, Israel subiu o tom das ameaças contra o Irão e contra o Hezbollah.
Também não deixa de ser sintomático que fontes militares israelitas tenham feito saber que os novos exercícios pretendem pôr em prática as lições tiradas da frustrada guerra contra o Líbano, em 2006, e que o governo tenha tido uma sessão especial para definir as acções a assumir por cada Ministério em caso de guerra, como anunciou a televisão estatal, e que o ministro da Defesa Ehud Barak tenha sido encarregado de formar um comité especial de emergência económica com os restantes ministros para garantir as condições de vida no país num cenário de guerra.
Feito o ensaio geral, resta a questão de saber quem é o «inimigo».


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