Desinformação e mentira
O PCP rejeitou com indignação e firmeza a acusação do PS sobre o seu alegado envolvimento nos recentes incidentes com Vital Moreira, afirmando tratar-se de uma «intolerável calúnia».
Quem cria razões para o protesto é o PS com a sua política
O assunto veio na passada semana para primeiro plano do debate parlamentar em declaração política proferida por Bernardino Soares, com este a acusar o PS de montar uma «insidiosa campanha», conduzida por «agentes de desinformação e mentira», a pretexto da cena com forte cobertura mediática que envolveu o cabeça de lista socialista no passado dia 1 de Maio no Martim Moniz.
Afirmando a discordância do PCP relativamente «aos comportamentos individuais ofensivos para com o candidato do PS», que disse serem «lamentáveis», Bernardino Soares sublinhou no entanto que «não são menos repugnantes o oportunismo político, a falsificação e a mentira em que o PS, o seu candidato e José Sócrates se empenharam».
Na perspectiva da bancada comunista, aquilo a que o País assistiu foi a uma campanha criada pelo PS para «caluniar» o PCP e «tentar diminuir perante os portugueses o seu património de trabalho e de luta por outra política».
Dizer, como fez o PS, que o PCP está «por detrás dos incidentes» é o mesmo que dizer que este se dedica a «organizar agressões e insultos», o que no entender dos comunistas é uma calúnia que não pode passar sem a mais firme rejeição.
«Fosse qual fosse a filiação partidária dos que provocaram os incidentes, isso não pode ser usado para procurar responsabilizar partidos por actos individuais, isolados e que nunca deveriam ter acontecido», salientou Bernardino Soares, convicto de que o PS viu nos incidentes «um pretexto para ser notícia e disfarçar a indigência de conteúdo e de proposta da sua campanha eleitoral».
Condicionar a luta
Não se esgotaram porém aqui os objectivos dos que viram na manobra uma oportunidade para obter outros dividendos. Para o líder parlamentar comunista, a campanha desencadeada pelo PS visou também «intimidar e condicionar o direito de lutar contra a política do Governo», e vem «na continuação das irritadas reacções do primeiro-ministro e membros do Governo, cada vez que encontram protestos, que são vaiados e contestados», seja «no Norte, no Centro e no Sul, em escolas, empresas, na ópera, no futebol, em feiras e em tantos outros sítios».
«Para o primeiro-ministro, invariavelmente, esta contestação é obra dos comunistas, o que tem um cheiro intenso a bafio salazarento», afirmou o presidente da formação comunista, antes de lembrar que «quem criou as razões para o protesto foi o próprio PS com a sua política».
«O PS gostaria de limitar a acção do PCP e impedir o seu papel destacado, na primeira linha da denúncia, do protesto e da exigência de uma alternativa», sublinhou, fazendo notar que o que lhes «dói», numa alusão aos acólitos do partido do Governo, é que os comunistas denunciem a «sua política de favorecimento dos interesses económicos dominantes, as negociatas, as promiscuidades, a falta de transparência e a utilização do aparelho de Estado», nem calem a sua voz contra a política que é responsável pelo «estado a que o País chegou».
Um país em situação desoladora que é o resultado, como assinalou Bernardino Soares, de décadas de política de direita e de governos, como o actual, que o afunda, aumenta as desigualdades e ataca direitos.
Provocação pidesca
O pedido de esclarecimentos feito pelo deputado socialista Mota Andrade após a intervenção do líder parlamentar comunista acabou por confirmar o acerto de todas as críticas e acusações por este feitas momentos antes.
«Os senhores têm uma história sobre a calúnia, como têm todos os partidos comunistas do bloco de Leste», afirmou, bolsando um anticomunismo serôdio, o parlamentar do PS. Sem argumentos, insistindo na provocação, acrescentou, virando-se para a bancada do PCP: «a calúnia é uma das vossas características». E condenou a bancada comunista por não ter tido a «hombridade de pedir desculpas pela agressão de que foi vítima Vital Moreira e o PS».
Na resposta, Bernardino Soares afirmou que a declaração do deputado socialista sobre os partidos comunistas está «ao nível» da de «um destacado militante do PS, que, na pele de comentador, até se atreveu a dizer que tem havido demasiada tolerância com o PCP na sociedade portuguesa».
«Se vivêssemos no tempo do fascismo, eram uma boa carta de recomendação para integrar os quadros da PIDE», ripostou com dureza o líder parlamentar comunista, antes de reiterar que o PCP não tem de pedir desculpas pelos acontecimentos.
«Em que é que o PCP é responsável? Não somos um bando de arruaceiros, mas um partido fundador da democracia. Não admitimos que nos acusem de uma coisa de que não temos culpa», sublinhou, deixando um desafio à bancada socialista: «Deviam era discutir com o vosso candidato, quando ele disse, prazenteiro, “Já tenho a minha Marinha Grande”, para esconder tudo o que não tem para dizer aos portugueses».
Afirmando a discordância do PCP relativamente «aos comportamentos individuais ofensivos para com o candidato do PS», que disse serem «lamentáveis», Bernardino Soares sublinhou no entanto que «não são menos repugnantes o oportunismo político, a falsificação e a mentira em que o PS, o seu candidato e José Sócrates se empenharam».
Na perspectiva da bancada comunista, aquilo a que o País assistiu foi a uma campanha criada pelo PS para «caluniar» o PCP e «tentar diminuir perante os portugueses o seu património de trabalho e de luta por outra política».
Dizer, como fez o PS, que o PCP está «por detrás dos incidentes» é o mesmo que dizer que este se dedica a «organizar agressões e insultos», o que no entender dos comunistas é uma calúnia que não pode passar sem a mais firme rejeição.
«Fosse qual fosse a filiação partidária dos que provocaram os incidentes, isso não pode ser usado para procurar responsabilizar partidos por actos individuais, isolados e que nunca deveriam ter acontecido», salientou Bernardino Soares, convicto de que o PS viu nos incidentes «um pretexto para ser notícia e disfarçar a indigência de conteúdo e de proposta da sua campanha eleitoral».
Condicionar a luta
Não se esgotaram porém aqui os objectivos dos que viram na manobra uma oportunidade para obter outros dividendos. Para o líder parlamentar comunista, a campanha desencadeada pelo PS visou também «intimidar e condicionar o direito de lutar contra a política do Governo», e vem «na continuação das irritadas reacções do primeiro-ministro e membros do Governo, cada vez que encontram protestos, que são vaiados e contestados», seja «no Norte, no Centro e no Sul, em escolas, empresas, na ópera, no futebol, em feiras e em tantos outros sítios».
«Para o primeiro-ministro, invariavelmente, esta contestação é obra dos comunistas, o que tem um cheiro intenso a bafio salazarento», afirmou o presidente da formação comunista, antes de lembrar que «quem criou as razões para o protesto foi o próprio PS com a sua política».
«O PS gostaria de limitar a acção do PCP e impedir o seu papel destacado, na primeira linha da denúncia, do protesto e da exigência de uma alternativa», sublinhou, fazendo notar que o que lhes «dói», numa alusão aos acólitos do partido do Governo, é que os comunistas denunciem a «sua política de favorecimento dos interesses económicos dominantes, as negociatas, as promiscuidades, a falta de transparência e a utilização do aparelho de Estado», nem calem a sua voz contra a política que é responsável pelo «estado a que o País chegou».
Um país em situação desoladora que é o resultado, como assinalou Bernardino Soares, de décadas de política de direita e de governos, como o actual, que o afunda, aumenta as desigualdades e ataca direitos.
Provocação pidesca
O pedido de esclarecimentos feito pelo deputado socialista Mota Andrade após a intervenção do líder parlamentar comunista acabou por confirmar o acerto de todas as críticas e acusações por este feitas momentos antes.
«Os senhores têm uma história sobre a calúnia, como têm todos os partidos comunistas do bloco de Leste», afirmou, bolsando um anticomunismo serôdio, o parlamentar do PS. Sem argumentos, insistindo na provocação, acrescentou, virando-se para a bancada do PCP: «a calúnia é uma das vossas características». E condenou a bancada comunista por não ter tido a «hombridade de pedir desculpas pela agressão de que foi vítima Vital Moreira e o PS».
Na resposta, Bernardino Soares afirmou que a declaração do deputado socialista sobre os partidos comunistas está «ao nível» da de «um destacado militante do PS, que, na pele de comentador, até se atreveu a dizer que tem havido demasiada tolerância com o PCP na sociedade portuguesa».
«Se vivêssemos no tempo do fascismo, eram uma boa carta de recomendação para integrar os quadros da PIDE», ripostou com dureza o líder parlamentar comunista, antes de reiterar que o PCP não tem de pedir desculpas pelos acontecimentos.
«Em que é que o PCP é responsável? Não somos um bando de arruaceiros, mas um partido fundador da democracia. Não admitimos que nos acusem de uma coisa de que não temos culpa», sublinhou, deixando um desafio à bancada socialista: «Deviam era discutir com o vosso candidato, quando ele disse, prazenteiro, “Já tenho a minha Marinha Grande”, para esconder tudo o que não tem para dizer aos portugueses».