Sta Comba Dão – provocação e paradigma

Carlos Gonçalves
Em Santa Comba, com o Museu Salazar atolado em desaires e sem futuro à vista, alvo da condenação da maioria da AR (suscitada pela petição da URAP), os autarcas filofascistas do PSD, face ao colapso iminente - dada a inépcia do seu mandato – levaram mais longe a provocação salazarenta e celebraram o ditador fascista em 25 Abril.
Mas a questão colocada pela provocação não é de natureza local. Trata-se de um elemento significativo da operação de reescrita da história, de branqueamento da «ditadura terrorista dos monopólios associados ao imperialismo estrangeiro e dos latifundiários» e de fazer caminho para cercear ainda mais os direitos e liberdades e liquidar o regime democrático constitucional.
É essencial esclarecer a natureza da ditadura fascista de Salazar porque enfrentamos a sistemática relativização da sua especificidade nacional face ao nazi-fascismo alemão, italiano e espanhol, a menorização em «nacionalismo autoritário», «conservador e católico», de «funcionários públicos e notáveis de província», de «sovietes de tenentes» do 28 de Maio, «parecidos com os capitães de Abril»(!), a promoção em telenovelas e livros apologéticos tipo «os amores de...», ou em «princípios e valores» de «seriedade» e «autoridade moral», face ao descrédito desta intrujice da alternância dos partidos das políticas de direita - nas páginas do Defesa da Beira e etc., nas cadeias de televisão, nos blogues e sites do PNR e afins.
E é essencial clarificar o paradigma da intervenção das forças políticas no caso, para que haja esclarecimento – do PS, que esteve na origem do Museu e depois o condenou in extremis, que esteve em silêncio na Assembleia Municipal que decidiu a (re)inauguração do largo Salazar em 25 de Abril e que, de novo à ultima hora, faltou ao espectáculo do BE, que nunca se viu no combate local, mas que, como sempre, teve o prime-time televisivo, ou do PSD protagonista da provocação salazarenta em terras do Dão, mas fugindo às responsabilidades em Lisboa, chegando M. R. de Sousa ao desplante de dizer «não sei de que partido é o autarca de Santa Comba».
Da nossa parte nem cumplicidade com fascistas, nem hipocrisia, nem faz de conta de cucos. Determinação e confiança, na defesa da democracia e do progresso social, em Santa Comba e onde for necessário. Para que - fascismo nunca mais!


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