Em luta por outro rumo
Uma grande manifestação de jovens trabalhadores percorreu no sábado a baixa lisboeta, reclamando uma política que garanta emprego com direitos, estabilidade e salários justos, num momento em que os mais novos são especialmente fustigados por uma crise que não afecta gestores nem accionistas.
A precariedade reduz salários e perspectivas de vida
«O custo de vida aumenta, juventude não aguenta», «Trabalho sim, desemprego não», «Direitos conquistados não podem ser roubados», «Com políticas de direita o País não se endireita» e «É preciso que isto mude, emprego para a juventude» foram das palavras de ordem que mais se ouviram, no sábado à tarde, durante a manifestação nacional com que a Interjovem assinalou o Dia Nacional da Juventude. Concentrados no Rossio, os manifestantes desceram a Rua Áurea, viraram à esquerda (como mandava, com sinal de sentido obrigatório, uma t-shirt a exigir «outro rumo») na Rua de São Julião, e subiram a Rua da Prata, até à Praça da Figueira, onde decorreu um breve comício.
Factor de emancipação
O aumento real dos salários foi apontado como «factor de emancipação da vida dos jovens trabalhadores» por Valter Lóios. O coordenador nacional da organização de juventude da CGTP-IN dedicou boa parte da sua intervenção à caracterização da «política diferente» que é reclamada e que deve dar «novas perspectivas» aos trabalhadores mais novos. Acusou o actual Governo do PS de perpetrar «um dos maiores ataques aos direitos» de quem trabalha e considerou «inadmissível que os centros de emprego sirvam de entreposto das empresas de trabalho temporário e que 75 por cento dos empregos propostos sejam precários, com vencimentos na ordem dos 450 a 500 euros». Uma política diferente deverá garantir a estabilidade laboral e acabar com «a chaga social da precariedade, que atinge mais de 600 mil jovens, na sua maioria a desempenhar funções de carácter permanente»; deverá garantir o direito ao trabalho e acabar com o desemprego, que atinge 221 mil jovens, destacando-se o desemprego de longa duração, que representa mais de 45 por cento dos desempregados com idades entre 25 e 34 anos. O dirigente salientou que é «ainda mais justo e imoral que 57 por cento dos desempregados jovens não tenham qualquer prestação do subsídio de desemprego».
A discriminação dos jovens no mercado de trabalho foi igualmente condenada por Manuel Carvalho da Silva. O secretário-geral da CGTP-IN apontou o exemplo da Portucel, onde tinha na véspera participado numa acção sindical, reclamando que os contratos colectivos se apliquem a todos os trabalhadores, incluindo os que têm vínculos precários. «A precariedade é sobretudo para cortar nos salários», salientou, notando que, na fábrica de Setúbal, como noutras grandes empresas, a pressão para reduzir a remuneração dos trabalhadores contrasta com a pródiga remuneração dos gestores de topo e dos accionistas.
«Pela valorização do trabalho e do trabalho jovem», o dirigente da Intersindical Nacional expressou «orgulho» dos trabalhadores e do movimento sindical pela activa intervenção da juventude, «aqui, hoje, como nos locais de trabalho, no dia-a-dia», e valorizou a participação na manifestação como «um compromisso de continuar a acção nos sindicatos para a transformação da sociedade». «Em ano de eleições», frisou Carvalho da Silva, deverão merecer o apoio dos jovens «políticas que assumam compromissos com a juventude», classificando como «criminoso» que haja quem defenda a regressão nos direitos sociais e laborais.
Razões justas
como há 62 anos
O que deixou o ano de 1947 marcado na história, com a declaração do Dia Nacional da Juventude, não foi a repressão fascista, lançada contra uma iniciativa do movimento juvenil, em São Pedro de Moel, mas «um acto de resistência corajosa» e «a resposta juvenil de massas, que revelou força e determinação». Ana Pires, da Direcção Nacional da Interjovem, evocou na Praça da Figueira a luta e a resistência de hoje, quando as duras consequências da política de direita são agravadas por uma mais agressiva perseguição a delegados e dirigentes sindicais, procurando retirar direitos «no sentido de aprofundar a opressão e a repressão que tanto se faz sentir em muitos locais de trabalho».
No dia 13 de Março, quando mais de 200 mil pessoas se manifestaram em Lisboa, «provámos a nossa força, capacidade de luta e resistência», lembrou a jovem dirigente, indicando o 28 de Março de 2009 como «a continuidade dessa luta, com os olhos postos no futuro, que queremos melhor para todos».
As reivindicações deste Dia Nacional da Juventude ficaram sintetizadas numa moção, aprovada após as intervenções sindicais. No documento, é colocado o acento no «emprego com direitos e com maior qualidade», no vínculo efectivo para todos os que exercem funções de carácter permanente (nas empresas, como na Administração Pública) e na regularização dos falsos recibos verdes e contratos temporários, no aumento real dos salários (e numa formação que promova a qualidade e estabilidade do emprego).
Na moção, como nas intervenções, ficaram realçadas as comemorações dos 35 anos do 25 de Abril e do 1.º de Maio, como as mais importantes etapas na luta nacional dos jovens trabalhadores a breve prazo.
Factor de emancipação
O aumento real dos salários foi apontado como «factor de emancipação da vida dos jovens trabalhadores» por Valter Lóios. O coordenador nacional da organização de juventude da CGTP-IN dedicou boa parte da sua intervenção à caracterização da «política diferente» que é reclamada e que deve dar «novas perspectivas» aos trabalhadores mais novos. Acusou o actual Governo do PS de perpetrar «um dos maiores ataques aos direitos» de quem trabalha e considerou «inadmissível que os centros de emprego sirvam de entreposto das empresas de trabalho temporário e que 75 por cento dos empregos propostos sejam precários, com vencimentos na ordem dos 450 a 500 euros». Uma política diferente deverá garantir a estabilidade laboral e acabar com «a chaga social da precariedade, que atinge mais de 600 mil jovens, na sua maioria a desempenhar funções de carácter permanente»; deverá garantir o direito ao trabalho e acabar com o desemprego, que atinge 221 mil jovens, destacando-se o desemprego de longa duração, que representa mais de 45 por cento dos desempregados com idades entre 25 e 34 anos. O dirigente salientou que é «ainda mais justo e imoral que 57 por cento dos desempregados jovens não tenham qualquer prestação do subsídio de desemprego».
A discriminação dos jovens no mercado de trabalho foi igualmente condenada por Manuel Carvalho da Silva. O secretário-geral da CGTP-IN apontou o exemplo da Portucel, onde tinha na véspera participado numa acção sindical, reclamando que os contratos colectivos se apliquem a todos os trabalhadores, incluindo os que têm vínculos precários. «A precariedade é sobretudo para cortar nos salários», salientou, notando que, na fábrica de Setúbal, como noutras grandes empresas, a pressão para reduzir a remuneração dos trabalhadores contrasta com a pródiga remuneração dos gestores de topo e dos accionistas.
«Pela valorização do trabalho e do trabalho jovem», o dirigente da Intersindical Nacional expressou «orgulho» dos trabalhadores e do movimento sindical pela activa intervenção da juventude, «aqui, hoje, como nos locais de trabalho, no dia-a-dia», e valorizou a participação na manifestação como «um compromisso de continuar a acção nos sindicatos para a transformação da sociedade». «Em ano de eleições», frisou Carvalho da Silva, deverão merecer o apoio dos jovens «políticas que assumam compromissos com a juventude», classificando como «criminoso» que haja quem defenda a regressão nos direitos sociais e laborais.
Razões justas
como há 62 anos
O que deixou o ano de 1947 marcado na história, com a declaração do Dia Nacional da Juventude, não foi a repressão fascista, lançada contra uma iniciativa do movimento juvenil, em São Pedro de Moel, mas «um acto de resistência corajosa» e «a resposta juvenil de massas, que revelou força e determinação». Ana Pires, da Direcção Nacional da Interjovem, evocou na Praça da Figueira a luta e a resistência de hoje, quando as duras consequências da política de direita são agravadas por uma mais agressiva perseguição a delegados e dirigentes sindicais, procurando retirar direitos «no sentido de aprofundar a opressão e a repressão que tanto se faz sentir em muitos locais de trabalho».
No dia 13 de Março, quando mais de 200 mil pessoas se manifestaram em Lisboa, «provámos a nossa força, capacidade de luta e resistência», lembrou a jovem dirigente, indicando o 28 de Março de 2009 como «a continuidade dessa luta, com os olhos postos no futuro, que queremos melhor para todos».
As reivindicações deste Dia Nacional da Juventude ficaram sintetizadas numa moção, aprovada após as intervenções sindicais. No documento, é colocado o acento no «emprego com direitos e com maior qualidade», no vínculo efectivo para todos os que exercem funções de carácter permanente (nas empresas, como na Administração Pública) e na regularização dos falsos recibos verdes e contratos temporários, no aumento real dos salários (e numa formação que promova a qualidade e estabilidade do emprego).
Na moção, como nas intervenções, ficaram realçadas as comemorações dos 35 anos do 25 de Abril e do 1.º de Maio, como as mais importantes etapas na luta nacional dos jovens trabalhadores a breve prazo.