Ascenso popular
Cerca de três milhões de trabalhadores dos sectores público e privado participaram nas manifestações realizadas, dia 19, em mais de 200 cidades de Norte a Sul da França. O protesto que paralisou o País ultrapassou em dimensão a jornada anterior de 29 de Janeiro.
A jornada de dia 19 foi a maior acção na vigência de Sarkozy
A greve geral foi convocada para o conjunto dos sectores público e privado por uma frente sindical composta pelas oito centrais francesas. Num excepcional ambiente de unidade na acção, milhões de trabalhadores encheram as ruas em coloridos e animados desfiles, com cartazes, faixas e palavras de ordem que exigiam emprego, aumento do poder de compra, protecção social e serviços públicos para todos.
Na capital, Paris, os sindicatos calcularam mais de 350 mil manifestantes, em Marselha foram 300 mil, em Toulouse, 100 mil, igual número em Nantes e Bordéus, muitas dezenas de milhares em Lille, Lyon, Grenoble e em mais 200 outros centros urbanos.
A dimensão da mobilização não deixou dúvidas a ninguém: superou em todos os sentidos a grande jornada nacional de 29 de Janeiro. Houve mais greves e 20 a 25 por cento mais manifestantes nas ruas. Sarkozy que se cuide, esta Primavera pode ser quente. E nem a sua mediática figura e os seus discursos demagógicos parecem surtir mais efeito. Os estudos de opinião indicam que a quota de popularidade do presidente francês caiu para apenas 35 por cento. Ao mesmo tempo, mais de 70 por cento dos inquiridos apoiou claramente o protesto de 19 de Março.
Alguns observadores já vêem semelhanças no ambiente de contestação e descontentamento que existe hoje em França como a situação revolucionária vivida em Maio de 1968. A comparação poderá parecer exagerada, mas o facto é que, a par de um inegável ascenso da luta de massas, perdura há sete semanas um conflito sério nas universidades, o qual, apesar das cedências significativas feitas pelo governo, não dá mostras de se extinguir. Metade das universidades francesas estão paralisadas e a presença maciça de estudantes, docentes e investigadores nas manifestações inter-sectoriais demonstra a sua firme disposição de luta.
Diariamente estudantes e docentes promovem acções públicas de protesto, por exemplo, aulas em praças públicas e estações de comboios. A simbólica Sorbonne ou o Instituto de Ciências Políticas são palco de permanentes iniciativas de protesto. Desde 16 de Março que estudantes se concentram todos os dias na Place de Grève, frente à sede do município parisiense. Esta semana, a «vigília» tornou-se permanente: dia e noite ali estão para afirmar que «a Universidade não é uma empresa nem o saber uma mercadoria». Uma grande jornada estava prevista para ontem, quarta-feira, 24.
Tensão social aumenta
Tal como em muitos outros países, o agravamento da situação social em França é indissociável do aprofundamento da crise económica. Sucedem-se os anúncios de encerramentos de empresas e de cortes drásticos no pessoal. Uns devido a dificuldades reais, outros por mero calculismo financeiro mal disfarçado à boleia da crise. Foi o caso do gigante petrolífero Total que, apesar de ter apresentado lucros recorde de 14 mil milhões de euros, decidiu suprimir 500 postos de trabalho.
Só nos primeiros três meses deste ano 400 mil trabalhadores perderam o emprego em França. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística mostram assim uma subida da taxa de desemprego oficial para 8,8 por cento. O afundamento da economia provocará inevitavelmente explosões sociais de grande monta, tanto mais que o governo de direita não dá sinais de pretender ouvir a rua.
Na capital, Paris, os sindicatos calcularam mais de 350 mil manifestantes, em Marselha foram 300 mil, em Toulouse, 100 mil, igual número em Nantes e Bordéus, muitas dezenas de milhares em Lille, Lyon, Grenoble e em mais 200 outros centros urbanos.
A dimensão da mobilização não deixou dúvidas a ninguém: superou em todos os sentidos a grande jornada nacional de 29 de Janeiro. Houve mais greves e 20 a 25 por cento mais manifestantes nas ruas. Sarkozy que se cuide, esta Primavera pode ser quente. E nem a sua mediática figura e os seus discursos demagógicos parecem surtir mais efeito. Os estudos de opinião indicam que a quota de popularidade do presidente francês caiu para apenas 35 por cento. Ao mesmo tempo, mais de 70 por cento dos inquiridos apoiou claramente o protesto de 19 de Março.
Alguns observadores já vêem semelhanças no ambiente de contestação e descontentamento que existe hoje em França como a situação revolucionária vivida em Maio de 1968. A comparação poderá parecer exagerada, mas o facto é que, a par de um inegável ascenso da luta de massas, perdura há sete semanas um conflito sério nas universidades, o qual, apesar das cedências significativas feitas pelo governo, não dá mostras de se extinguir. Metade das universidades francesas estão paralisadas e a presença maciça de estudantes, docentes e investigadores nas manifestações inter-sectoriais demonstra a sua firme disposição de luta.
Diariamente estudantes e docentes promovem acções públicas de protesto, por exemplo, aulas em praças públicas e estações de comboios. A simbólica Sorbonne ou o Instituto de Ciências Políticas são palco de permanentes iniciativas de protesto. Desde 16 de Março que estudantes se concentram todos os dias na Place de Grève, frente à sede do município parisiense. Esta semana, a «vigília» tornou-se permanente: dia e noite ali estão para afirmar que «a Universidade não é uma empresa nem o saber uma mercadoria». Uma grande jornada estava prevista para ontem, quarta-feira, 24.
Tensão social aumenta
Tal como em muitos outros países, o agravamento da situação social em França é indissociável do aprofundamento da crise económica. Sucedem-se os anúncios de encerramentos de empresas e de cortes drásticos no pessoal. Uns devido a dificuldades reais, outros por mero calculismo financeiro mal disfarçado à boleia da crise. Foi o caso do gigante petrolífero Total que, apesar de ter apresentado lucros recorde de 14 mil milhões de euros, decidiu suprimir 500 postos de trabalho.
Só nos primeiros três meses deste ano 400 mil trabalhadores perderam o emprego em França. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística mostram assim uma subida da taxa de desemprego oficial para 8,8 por cento. O afundamento da economia provocará inevitavelmente explosões sociais de grande monta, tanto mais que o governo de direita não dá sinais de pretender ouvir a rua.