Nas pisadas de Bush
O Quirguistão deu 180 dias aos EUA para abandonarem a base de Manas, principal apoio logístico à ocupação do Afeganistão. O contratempo não impede no entanto a administração Obama de reforçar posições e aprofundar a política de Bush no território.
Outros 13 civis morreram num ataque norte-americano
Por 78 votos a favor num total de 90 deputados, o parlamento do Quirguistão aprovou, quinta-feira, 19, a denúncia do acordo sobre a utilização das instalações militares que Washington mantinha no país. A decisão foi ratificada pelo presidente quirguiz, Kurmanbek Bakiev. Horas depois, o Ministério do Exterior notificava formalmente a representação diplomática norte-americana dando um prazo máximo de 180 dias aos EUA para abandonarem a única base yankee na Ásia Central e plataforma fundamental para o abastecimento das tropas ocupantes no Afeganistão.
Reagindo ao contratempo nos planos norte-americanos de reforço de posições na Ásia Central, o secretário da Defesa norte-americano, Robert Gates, manifestou-se confiante de que ainda será possível inverter a resolução, embora os EUA tenham já desenvolvido alternativas, acrescentou referindo-se às autorizações do Tajiquistão e do Uzbequistão para o uso dos respectivos territórios como plataformas de trânsito logístico do Pentágono.
Em Duchambe, capital do Tajiquistão, o contra-almirante norte-americano Mark Harnitchek confirmou que «semanalmente os EUA prevêem escoar pelos territórios tajique e uzbeque entre 50 e 200 contentores com destino ao Afeganistão» e considerou o Tajiquistão «muito importante porque está mais perto das nossas bases». Antes de chegarem àquele território, as cargas vão passar pela Letónia, onde chegam por via marítima, Rússia e Cazaquistão, países que acederam igualmente ao pedido da Casa Branca.
Falsa mudança
Entretanto, os países da NATO aparentemente concordaram com o envio de mais homens para o Afeganistão, acedendo ao plano de Barack Obama. Sexta-feira, no conselho de ministros da Defesa da Aliança Atlântica que decorreu em Cracóvia, Polónia, Robert Gates afirmou que cerca de 20 países membros da Aliança Atlântica estão dispostos a aumentar os respectivos contingentes civis ou militares no terreno, matéria que deverá ser concluída na próxima cimeira do bloco militar, agendada para os dias 3 e 4 de Abril. Publicamente, apenas a Alemanha e a Itália confirmaram tal disposição.
Actualmente estão no Afeganistão 55 mil soldados dos EUA e cerca de 30 mil de outros 40 países, e no terreno a prometida nova abordagem dos Democratas revela-se a continuação da política externa de Bush.
A semana passada, outros 13 civis morreram num ataque norte-americano contra alegados talibans. O comando dos EUA foi obrigado a admitir o sucedido após evidências recolhidas por agências internacionais mostrarem que quase todos os supostos insurgentes eram afinal mulheres e crianças.
Acresce que a administração Obama não só não ordenou o encerramento do campo de concentração na base militar afegã de Bagram – pelo contrário, está em curso a sua expansão – como negou aos presos o direito a contestarem perante os tribunais norte-americanos a detenção.
A meio de 2008, o Supremo Tribunal dos EUA disse que os presos de Guantanamo tinham tal direito. Na sequência da decisão, alguns detidos de Bragam interpuseram semelhante pedido alegando que os EUA não os haviam acusado de nada e que foram repetidamente interrogados sem acesso a advogado. Sexta-feira, o Departamento de Justiça confirmou a posição anterior nesta matéria, isto é, como diz a União Americana para as Liberdades Cívicas (ACLU), «aderiu à doutrina Bush de que se pode criar prisões fora da lei».
Importa ainda referir que, nos últimos dias, membros da equipa de Obama invocaram segredo de Estado para impedir o prosseguimento de uma acção contra um subsidiária da Boeing acusada de transportar prisioneiros da CIA para cárceres em «países amigos», isto depois do procurador Eric Holder ter garantido a revisão de todos os processos desta natureza; e que depois de Obama ter assinado o encerramento de Guantanamo exigindo que os presos fossem tratados de acordo com as Convenções de Genebra, o Pentágono concluiu que tais normas são observadas para com os seus 245 detidos, o que, para a ACLU equivale a omitir e perdoar as torturas e maus-tratos ali cometidos.
Reagindo ao contratempo nos planos norte-americanos de reforço de posições na Ásia Central, o secretário da Defesa norte-americano, Robert Gates, manifestou-se confiante de que ainda será possível inverter a resolução, embora os EUA tenham já desenvolvido alternativas, acrescentou referindo-se às autorizações do Tajiquistão e do Uzbequistão para o uso dos respectivos territórios como plataformas de trânsito logístico do Pentágono.
Em Duchambe, capital do Tajiquistão, o contra-almirante norte-americano Mark Harnitchek confirmou que «semanalmente os EUA prevêem escoar pelos territórios tajique e uzbeque entre 50 e 200 contentores com destino ao Afeganistão» e considerou o Tajiquistão «muito importante porque está mais perto das nossas bases». Antes de chegarem àquele território, as cargas vão passar pela Letónia, onde chegam por via marítima, Rússia e Cazaquistão, países que acederam igualmente ao pedido da Casa Branca.
Falsa mudança
Entretanto, os países da NATO aparentemente concordaram com o envio de mais homens para o Afeganistão, acedendo ao plano de Barack Obama. Sexta-feira, no conselho de ministros da Defesa da Aliança Atlântica que decorreu em Cracóvia, Polónia, Robert Gates afirmou que cerca de 20 países membros da Aliança Atlântica estão dispostos a aumentar os respectivos contingentes civis ou militares no terreno, matéria que deverá ser concluída na próxima cimeira do bloco militar, agendada para os dias 3 e 4 de Abril. Publicamente, apenas a Alemanha e a Itália confirmaram tal disposição.
Actualmente estão no Afeganistão 55 mil soldados dos EUA e cerca de 30 mil de outros 40 países, e no terreno a prometida nova abordagem dos Democratas revela-se a continuação da política externa de Bush.
A semana passada, outros 13 civis morreram num ataque norte-americano contra alegados talibans. O comando dos EUA foi obrigado a admitir o sucedido após evidências recolhidas por agências internacionais mostrarem que quase todos os supostos insurgentes eram afinal mulheres e crianças.
Acresce que a administração Obama não só não ordenou o encerramento do campo de concentração na base militar afegã de Bagram – pelo contrário, está em curso a sua expansão – como negou aos presos o direito a contestarem perante os tribunais norte-americanos a detenção.
A meio de 2008, o Supremo Tribunal dos EUA disse que os presos de Guantanamo tinham tal direito. Na sequência da decisão, alguns detidos de Bragam interpuseram semelhante pedido alegando que os EUA não os haviam acusado de nada e que foram repetidamente interrogados sem acesso a advogado. Sexta-feira, o Departamento de Justiça confirmou a posição anterior nesta matéria, isto é, como diz a União Americana para as Liberdades Cívicas (ACLU), «aderiu à doutrina Bush de que se pode criar prisões fora da lei».
Importa ainda referir que, nos últimos dias, membros da equipa de Obama invocaram segredo de Estado para impedir o prosseguimento de uma acção contra um subsidiária da Boeing acusada de transportar prisioneiros da CIA para cárceres em «países amigos», isto depois do procurador Eric Holder ter garantido a revisão de todos os processos desta natureza; e que depois de Obama ter assinado o encerramento de Guantanamo exigindo que os presos fossem tratados de acordo com as Convenções de Genebra, o Pentágono concluiu que tais normas são observadas para com os seus 245 detidos, o que, para a ACLU equivale a omitir e perdoar as torturas e maus-tratos ali cometidos.