Repressão francesa nas colónias

Sindicalista morto na revolta

Um dirigente sindical de Guadalupe foi assassinado após quase um mês de protestos maciços e pacíficos. Ao dispositivo repressivo enviado pela França, responde o LKP com apelos à população para que não ceda a provocações e mantenha a luta.

O LKP apela ao povo para que não responda a provocações

Jackes Bino, 50 anos, dirigente sindical e membro do Colectivo Contra a Exploração (LKP) foi assassinado na madrugada de terça-feira, em Pointe-a-Pitre, capital de Guadalupe, após uma reunião de trabalho. Os contornos do crime ainda não estão cabalmente apurados e as versões colidem no relato dos acontecimentos.
Segundo informações oficiais, Bino terá sido abatido por um tiro de caçadeira que partiu de uma barricada montada num bairro da cidade. O primeiro-ministro francês, François Fillon, citado pela Lusa, afirmou mesmo que este foi «um crime cometido por delinquentes». Também o autarca local, Nicolas Desforges, defendeu a polícia afiançando que esta «não é uma morte relacionada com as forças de segurança».
De acordo com as autoridades, os serviços de emergência terão sido alertados pouco depois da meia-noite e dirigiram-se imediatamente ao local. A mesma versão diz que os membros da equipa de socorro foram recebidos por disparos e que só duas horas depois puderam assistir Bino, então já tarde demais.
Simultaneamente, corre uma outra versão do sucedido que indica que o sindicalista foi baleado pela polícia e que os disparos oriundos das barricadas contra os uniformizados surgiram depois do ataque a Jackes Bino e em resposta ao dispositivo enviado por Paris, que terá desencadeado uma série de acções contra os revoltosos, incluindo dezenas de detenções.
O facto é que em Guadalupe a greve geral foi decretada a 20 de Janeiro e só após a chegada de um reforço de cerca de 300 gendarmes, enviados pela ministra do Interior de França, Michèle Alliot-Marie, com o objectivo de «não apenas gerir eventos e evitar problemas, mas também lutar contra a violência urbana», o conflito degenerou em violência. No terreno estavam já um milhar gendarmes e 800 polícias.

Manter acções de massas

Reagindo ao sucedido, o líder do LKP, Elie Domota, denunciou a repressão desencadeada pelo contingente proveniente de França que logo começou a «limpar» as ruas.
Em mensagem radiofónica, Domota acusou a polícia de provocar a cólera dos cidadãos e instou a população a não colocar a vida em risco, a não responder ao repto violento das autoridades e, pelo contrário, a manter as acções de massas, apesar do anúncio por parte do presidente Sarkozy de um pacote financeiro de emergência para as ilhas de Guadalupe e Martinica, onde o protesto se mantém igualmente inabalável.
Do outro lado do Atlântico, em Paris, milhares desfilaram em solidariedade para com os trabalhadores caribenhos e exigiram o fim da exploração e da discriminação racial.


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