Campanha eleitoral na África do Sul

Mandela apoia Zuma

O ex-presidente sul-africano, Nelson Mandela, declarou, domingo, o seu apoio incondicional ao partido que liderou durante anos, o Congresso Nacional Africano (ANC), e ao candidato apresentado por este às presidenciais, Jacob Zuma.
Contrastando com as cada vez mais raras aparições públicas, Mandela participou junto de Zuma e das respectivas famílias numa acção de campanha e, segundo a agência Sapa, declarou que «continuará a apoiar o ANC no caminho da vitória nas eleições».
A participação de Mandela na campanha de Jacob Zuma para a presidência da República coloca um ponto final nas especulações que indicavam que o histórico combatente pelo derrube do regime de apartheid se havia afastado do ANC.
A par desta especulação – que tinha como base o surgimento de um outro partido, o Congresso do Povo (Cope), saído das fileiras do ANC em oposição à actual liderança protagonizada por Zuma –, outro boato vinha ganhando força no país, o de que o presidente em exercício, Kgalema Motlanthe, ponderava adiar o sufrágio até ser conhecida a decisão do Tribunal Constitucional a respeito do voto dos imigrantes. Sem esperar pelo acórdão, Motlanthe agendou para o próximo dia 22 de Abril as eleições gerais no país.
O TC sul-africano terá que decidir se os cerca de dois milhões de cidadãos na diáspora têm ou não direito a votar na consulta. De acordo com a Lusa, a Comissão Eleitoral Independente considera o voto dos imigrantes um pesadelo logístico, mas os partidos da oposição ao actual governo discordam. Frente da Liberdade Plus, Aliança Democrática e o já referido COPE estão nesta posição.

Responder aos efeitos da crise

Paralelamente ao tema eleitoral, a África do Sul discute o Orçamento do Estado. A semana passada, durante a apresentação do documento, o ministro das Finanças, Trevor Manuel, revelou uma diminuição da estimativa de crescimento do PIB de 3 para 1,2 por cento este ano, mas mostrou-se mais optimista para os dois próximos anos, com crescimentos previstos de 3 e 4 por cento, respectivamente.
O responsável deu ainda a conhecer algumas medidas concretas, como a dinamização de obras públicas e infra-estruturas locais para os próximos cinco anos, que permitirão melhorar os sistemas de abastecimento de água, electricidade e saneamento básico, e a redução dos impostos para os rendimentos mais baixos.
Numa análise mais profunda ao Orçamento, o Partido Comunista Sul-Africano (SACP) considera-o uma clara rejeição ao «triunfalismo neoliberal» e, simultaneamente uma resposta às consequências da mais séria crise capitalista desde a década de 30 do século passado.
Para os comunistas, o governo, sustentado numa ampla maioria parlamentar do ANC, enfrenta os desafios colocados pela crise «não investindo predominantemente nas garantias às empresas falidas, mas apostando na consolidação da despesa pública, na expansão do emprego e dos programas sociais e obras promovidas pelo sector estatal».
O SACP valoriza como muito positivas medidas como o «desenvolvimento de projectos agrários e de rentabilização da produtividade do solo», os quais, dizem, podem ser um passo para a «assegurar a soberania e segurança alimentar» e «junto com as comunidades rurais e os sem-terra» caminhar «rumo a uma verdadeira transformação agrária.
O investimento nas infra-estruturas da educação e saúde pública e o reforço das verbas para a alimentação nas escolas são igualmente para os comunistas sul-africanos factores de progresso, mas o SACP lamenta que o executivo ainda não tenha colocado em marcha a implementação de um sistema nacional de saúde, apesar do compromisso em fazê-lo.
O partido acrescenta às críticas o facto do orçamento carecer de um conjunto de mecanismos que, de forma coerente, «articulassem os elementos de uma estratégia industrial que a médio prazo desenvolva a produção nacional».


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