Japão atingido com severidade pela crise

A pior desde a II Guerra

A segunda economia mundial enfrenta a pior crise desde a II Grande Guerra. As empresas apresentam a factura aos trabalhadores.

O governo é o principal responsável pela situação, diz o PC do Japão

Segundo dados confirmados segunda-feira pelo Ministro da Economia do Japão, Kaoru Yosano, o recuo da economia em 12,7 por cento do PIB no quarto trimestre de 2008 face ao mesmo período de 2007 coloca o país na «pior crise desde o final da guerra», disso «não restam dúvidas», acrescentou citado pela France Press.
A contracção da economia nipónica é a pior desde 1974, quando o Japão foi seriamente afectado pelo chamado choque petrolífero. «A economia japonesa, cujo crescimento depende muito das exportações de automóveis, maquinaria, equipamentos e tecnologia de informação, ficou literalmente arrasada pela crise», justificou Yosano.
O responsável sublinhou ainda que o Japão será incapaz de ultrapassar a crise sozinho apelando a uma conjugação de esforços entre todos os países. Não obstante, a imprensa local adianta que o primeiro-ministro, Taro Aso, prepara um terceiro pacote de estímulo à economia nos moldes que têm sido apresentados pelas restantes potências capitalistas.

Milhares são despedidos

Aos dados da economia japonesa acrescem os permanentes anúncios de despedimentos maciços por parte das grandes empresas, cujos lucros previstos para este ano sofrem fortes quebras.
Desde o início do ano, gigantes do sector automóvel e de componentes e equipamento tecnológico já anunciaram a extinção de mais de 85 mil postos de trabalho.
O mais recente anúncio foi feito pela Pioneer, que para além de cortar 10 mil empregos – que acrescem aos cerca de 6 mil eliminados já no ano passado - abandona vários sectores de actividade passando a dedicar-se apenas à produção de sistemas de som e componentes electrónicos para automóveis. Panasonic, Hitachi, Toshiba, NEC, Sanyo, Sharp e Sony são algumas das empresas nipónicas que desde o início de 2009 mais contribuíram para delapidação de postos de trabalho.
No sector automóvel, entre os despedimentos mais sonantes estão os da Nissan, que despede 20 mil trabalhadores até 2010, juntando-se assim às congéneres Honda Motor e Toyota. Nesta última, os trabalhadores não estão dispostos a carregar o fardo da crise e, para além da luta contra as paragens na produção e em defesa dos postos de trabalho ameaçados, exigem aumentos salariais e nos prémios anuais.

Governo é responsável

Reagindo à rápida delapidação do emprego no país, o Partido Comunista Japonês (PCJ) acusou o governo de ser o principal responsável pela situação. Em debate no parlamento nipónico, os comunistas lembraram que as empresas estão aproveitar a crise para dispensarem milhares de trabalhadores temporários. Desde Outubro de 2008, mais de 125 mil trabalhadores com vínculos a prazo engrossaram os números do desemprego, lembrou o PCJ reportando-se a dados oficiais. De acordo com as mesmas fontes, outros 300 mil operários industriais podem ficar em situação semelhante até ao final do mês de Março.
As alterações à legislação laboral, em 1999 e 2004, abriram a porta à desregulação das relações laborais. Entre 1997 e 2007, o número de trabalhadores precários a exercerem funções de carácter permanente no sector secundário aumentou de 5,8 milhões para 17,32 milhões. No mesmo período, as multinacionais aumentaram o respectivo pecúlio de 32 triliões de ienes para 120 triliões de ienes, frisa o PCJ.
Para os comunistas japoneses, a crise está igualmente a servir de pretexto pelo capital para desiquilibrar a balança dos rendimentos a seu favor. Na última década, as empresas aumentaram os lucros em 8,2 triliões de ienes e os dividendos aos accionistas em 4 triliões, ao passo que os salários diminuiram 2,3 triliões de ienes, concluíram.


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